Linkin Park abstrato

A última vez que o Linkin Park passou pelo Brasil foi em 2004. Levou 80 mil pessoas para vê-lo no Estádio do Morumbi. Agora, volta como atração principal de uma das noites do SWU Festival, em Itu, nos dias 9, 10 e 11 de outubro. Mas talvez os velhos fãs não o reconheçam com facilidade neste retorno: no próximo dia 14, a banda lança no mundo todo seu novo disco, A Thousand Suns. Eis como eles o definem:

“Não estivemos gravando um álbum. Durante meses, nós destruímos e reconstruímos nossa banda. As experiências resultaram num hard drive de estúdio com diversos sons abstratos. Ecos amorfos, samples cacofônicos, staccato artesanal que deságua numa melodia elusiva. Cada faixa é sentida como uma alucinação.”

É mole? Em entrevista ao Estado, Mike Shinoda (cérebro, guitarra, teclado, piano, produção, voz e MC) falou com exclusividade sobre o novo CD e essa guinada de 180º de seu grupo. “É um passo gigante em relação ao som antigo. Quando se faz uma música nova, o que se busca é algo fresco e criativo. Espero que as pessoas entendam que a gente ama os velhos discos também. Isso não significa que estamos negando nosso passado”, diz Shinoda.

“Suicídio comercial? Não pensamos nunca em sucesso quando criamos nossos álbuns anteriores. Nunca foi nossa meta. Sabemos que é um risco fazer algo demasiado experimental, mas criamos algo não para manter uma posição confortável”, avalia Shinoda. No dia 12, eles fazem a primeira apresentação de uma música do disco, The Catalyst, durante a festa dos Video Music Awards da MTV.

Muito do trabalho, segundo o guitarrista, foi “assustador”, pela forma como se materializou. “Se você for ao YouTube, vai ver um vídeo em que eu e o Brad (Delson, guitarrista) estamos pesquisando. É um tipo de loucura. Nós começamos fazendo uns sons malucos, buscando texturas, e o Brad sola como se fosse um policial com um megafone tentando acalmar uma rebelião. As pessoas podem pensar que é um álbum conceitual, mas eu acho que essa palavra, conceitual, serve para óperas. Não é o que fizemos. Eu não gosto de ópera rock, acho que isso tende a ser algo mais teatral, como nesses musicais da Broadway. É mais abstrato que isso”, afirma o músico.

Shinoda diz que muita gente que já ouviu o disco o definiu como “triste”. Outros acharam “esperançoso”. Para ele, o que o anima mais é a amplitude das leituras. “Sei que parece pretensioso dizer isso, mas como comparação, eu diria que o que fizemos até este disco era algo na linha Andy Warhol. Agora, esse disco é mais Jackson Pollock”, explica, referindo-se ao papa da pop art e ao expoente do abstracionismo americano.

Mas Shinoda diz que a velha combustão à base de metal e hip-hop continua funcionando. “Nós ainda temos aquele elemento de poder juvenil. O que acontece é que procuramos despertar reações diferentes a cada noite. Quando a gente toca as velhas canções, o público responde de um jeito. Ainda estamos trabalhando numa fórmula de levar todos esses barulhos do novo disco para o palco.”

O músico também falou da experiência de ter subido ao palco do prêmio Grammy ao lado de Paul McCartney, em 2006. “Ele parece bem jovem, é muito amigável. Me lembro de caminhar até o camarim no dia em que ensaiamos, e de Paul vir conversar com todo mundo. Como todo mundo, eu também me inspirei muito nos Beatles, não conheço alguém no planeta que já não os tenha ouvido. Li a Beatles Biography e me espantei com o tamanho da influência daqueles caras. Agradeço a oportunidade de tê-lo conhecido.”

O que acharam das palavras de Mike sobre o álbum? Percebam que ele evita repetir certos ‘discursos’. Deixem suas opiniões…

Fotógrafo e Produtor de Vídeo