Big Cheese – Tradução e Promo

Lembram que a revista Big Cheese mais recente tem o Linkin Park na capa e uma matéria enorme sobre a banda? Pois bem, a redação da revista nos enviou uma cópia. Você pode conferir os scans da revista na nossa galeria e a tradução da matéria gigante aqui.

Além disso, vamos sortear o exemplar da revista. Usem os comentários para discutir sobre a matéria com os dados completos, e vamos sortear um sortudo que receberá a Big Cheese #126 pelos Correios. Anunciaremos o resultado durante a tarde deste domingo.

Atualização às 17:00: Pessoal, o comentário sorteado foi o de número 35, do ‘bah’, e já enviamos um e-mail pra ele. Obrigada a todos que participaram! Quem quiser conferir o print do random.org clica aqui.

ESPERANDO PELO BLACKOUT
Com cinqüenta milhões de discos vendidos e fama mundial, está o Linkin Park a ponto de arriscar tudo? Decidimos descobrir isso enquanto a banda se prepara para lançar “A Thousand Suns”…

UM FENÔMENO AUTÊNTICO
A estrela do Linkin Park brilha hoje tanto quanto brilhava quando do lançamento de seu disco de estréia, “Hybrid Theory”, em 2000, abastecida pela criatividade da banda, que evolui continuamente. Dez anos se passaram e eles estão agora na iminência de algo muito especial em forma do disco “A Thousand Suns”. Dizer que queriam que o quarto disco quebrasse rótulos, é sem dúvida o disco mais desafiador que a banda já escreveu. Produzidas, mais uma vez, pelo lendário Rick Rubin (Slayer, Metallica, Johnny Cash), juntamente com o co-vocalista da banda, Mike Shinoda, as 15 faixas de “A Thousand Suns”, precedidas pelo single “The Catalyst”, mostram um lado do sexteto desconhecido até agora. Misturando rock com música eletrônica, o hip hop que não esteve presente em Minutes to Midnight, de 2007, voltou como vingança quando a banda criou um redemoinho de melodia e fúria digital. Não se confunda: o “A Thousand Suns” não é um disco pop. Mas como foi que chegaram aqui? As respostas, talvez, estão escondidas no começo de tudo…

TUDO QUE VOCÊ ME DIZ ME DEIXA UM PASSO MAIS PERTO DO LIMITE E ESTOU QUASE EXPLODINDO (One Step Closer)
Amigos desde a escola secundária, o baterista Rob Bourdon, o guitarrista Brad Delson e o MC/Vocalista Mike Shinoda formaram o grupo de rock e rap Xero em 1996, logo chamando a atenção do baixista Phoenix Farell e do DJ Joseph Hahn (o empresário do Taproot, Mark Wakefield foi vocalista da banda no início). Provando que de raízes podres, bons galhos podem brotar, depois de a banda ser rejeitada por muitas gravadoras, recrutaram um certo Chester Charles Bennington em 1998. Esse seria o ponto crucial da banda. Nascido em 1976 em Phoenix, Arizona, Bennington chegou a Los Angeles com uma infância sombria e uma adolescência de luta contra drogas na bagagem. Marcado por tatuagens de chamas nos punhos e dotado de pulmões que poderiam parar o trânsito, a inclusão de Chester Bennington acabou sendo como um toque alquímico na banda. Sob o nome “Hybrid Theory”, que indicava a fusão de rock, rap, metal e eletrônico, a banda abriu seu espaço antes mesmo de mudar o nome para Linkin Park, uma outra forma de soletrar Lincoln Park, um bairro de Santa Mônica. “Inventamos o nome Linkin Park porque tínhamos muitos fãs e porque seria caro comprar o domínio Lincolnpark.com, então decidimos por Linkin Park. Achamos que ficaria mais legal assim,” diz Shinoda, rindo.

ESTAVA MUITO FRUSTRADO NA ÉPOCA QUE GRAVAMOS ONE STEP CLOSER, E ESSE FOI O RESULTADO… TUDO QUE VOCÊ ME DIZ É BOBAGEM (Chester Bennington)
Chamando atenção da Warner Bros, a banda lançou o “Hybrid Theory”, uma referência ao nome inicial da banda, em 2000. Quando do lançamento de “One Step Closer”, muitos acharam que o Linkin Park era mais uma das muitas bandinhas de New Metal que se preocupavam em entrar na onda da fama do gênero com singles de um acorde só sobre autocomiseração e covers. Porém provaram – rapidamente – que não era esse caso. Famosa pelos gritos de Bennington de “cale a boca quando falo com você”, (“estava muito frustrado na época que gravamos ‘One Step Closer’, e esse foi o resultado… tudo que você me diz é bobagem’, lembra o cantor) “One Step Closer” e os singles que vieram depois, “Papercut”, a vencedora do Grammy “Crawling” e “In The End” puderam ser ouvidos saindo dos quartos de adolescentes do mundo todo, sem falar das boates, carros e até bares. Aproveitando-se da tendência da época, o Linkin Park encontrou fãs junto aos que achavam os gemidos do Korn tristes e rancorosos demais, ou as letras oblíquas do Deftones muito densas, e trouxeram o new metal das ruas da Califórnia para dentro de suas casas, ruas e rádios ao redor do globo. Veio 2002 e, após milhões de discos vendidos e três indicações ao Grammy, ficou claro a todos que o Linkin Park havia chegado para ficar. Mas para onde é que iriam?

2003 – TEORIA VENCEDORA
Os detalhes por trás do grande álbum de estréia da banda, “Hybrid Theory”
– Ficou no top 5 de diversos charts do mundo, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Itália, Noruega, Suíça, Bélgica, Áustria, Austrália e Nova Zelândia.
– Com mais de 25 milhões de cópias vendidas, o “Hybrid Theory” é o disco de estréia mais vendido do século 21.
– O album recebeu um disco de platina (um milhão de unidades vendidas), um multi-platina (mais de dois milhões), em muitos países, incluindo 5x platina no Canadá, e 4x platina no Reino Unido e Austrália. Ah, e ganhou um disco de diamante (é, diamante – são 10 milhões de cópias!) nos Estados Unidos.
– Ganharam prêmios na MTV e no Grammy por causa de músicas do disco.
– “Hybrid Theory” foi o segundo disco mais vendido da década, ficando atrás apenas do “1” dos Beatles.

CADA PASSO QUE DOU É MAIS UM ERRO PRA VOCÊ
Março de 2003 anunciou a chegada do segundo disco, “Meteora”. Enquanto “Hybrid Theory” pode ter nascido de temas soturnos e frustrações, Bennington diz que “há mais otimismo no “Meteora”. Ainda somos os mesmos, mas tem uma luz no final do túnel.” Porém, o processo de gravação foi longe de ser fácil de acordo com Shinoda. “Escrevíamos um novo refrão, gravávamos, mixávamos. Então ouvíamos no dia seguinte e Chester e eu olhávamos um pro outro e dizíamos ‘não sei não… acho que pode ficar melhor’, e começávamos tudo de novo”, lembra a peça chave da banda: “Era muito trabalhoso. Escrevemos e jogamos fora a maldição do segundo disco nesse processo. Mas levamos o tempo que foi preciso, continuamos críticos, e escrevemos músicas que sabíamos que eram boas.”
Nomear o disco por causa de um complexo de monastérios em Tessália, na Grécia (a tradução do nome significa “suspenso no ar” ou “no paraíso”) provou ser uma inspiração para a banda que claramente sofreu sobre o peso das expectativas em relação ao segundo álbum.
“Queríamos escrever músicas que tivessem a energia que o nome tem”, diz Bennington, e Shinoda complementa: “É muito bonito. Meteora personifica o senso de eternidade e imensurabilidade que queríamos que o álbum tivesse.” O DJ Hahn tem talvez a opinião mais espiritual: “Conhecemos pessoas que foram para Meteora. Pessoas que foram lá para ficarem sozinhos e se encontrarem. E o álbum é sobre isso, sobre se encontrar. Cada música é sobre olhar para dentro e deixar as emoções fluírem.”
E o álbum é sobre isso, sobre se encontrar. Cada música é sobre olhar para dentro e deixar as emoções fluírem.” (Joseph Hahn)
Com uma sonoridade com mais fibra, “Numb”, “Somewhere I Belong”, e “Breaking the Habit”, fizeram sucesso nas rádios do planeta todo enquanto os seis membros do Linkin Park mostravam sua versatilidade na estrada, como parte de seu Projekt Revolution ou shows com o Metallica e o Limp Bizkit. Mas a verdadeira mistura entre gêneros e o divisor de águas na história do rock e rap ainda estava por vir…


EU TINHA DUAS OPÇÕES. ENCOSTAR O CARRO OU IR PRO LADO MAU E PISAR NO ACELERADOR (Points of Authority/99 Problems/One Step Closer)

E, veja só! Aconteceu: O Jiggaman entrou na história. O Linkin Park pode ter sido zombado pela fraternidade do metal por causa de seu óbvio amor pelo hip hop, mas como diz o ditado: os bons se reconhecem. E foi exatamente isso que aconteceu no “Collision Course” de 2004, um esforço coletivo em estúdio entre a banda e o chefão do hip hop Jay-Z. O homem por trás dos discos divisores de água “Blueprint” e “Black Album”, que tirou o selo Roc-A-Fella Records das sombras do hip hop e se transformou em um milionário, claramente viu semelhanças com o Linkin Park, e especialmente com Shinoda, a quem encorajou a lançar um projeto solo de hip hop (que mais tarde apareceria sob o nome de Fort Minor, com Jay-Z sendo produtor executivo).
Criado na mesma época em que os mash-ups (o processo de pegar duas músicas diferentes e uni-las formando uma nova) saíam dos clubes e chegavam ao mainstream graças ao Sugababes, Collision Course pegou o melhor de Jay-Z e uniu aos momentos mais poderosos do Linkin Park, seja em “Dirt Off Your Shoulder/Lying From You”, “Big Pimpin/Papercut”, “Jigga What/Faint”, “Numb/Encore” ou “Izzo/In The End”, criando algo que até hoje é único. Produzido por Shinoda, “Collision Course” dá uma indicação do que o Linkin Park poderia criar com influências externas, soando mais livre do que antes enquanto engarrafavam a mágica dentro do estúdio.
Para Shinoda esse projeto foi muito pessoal: “Ser popular nunca foi nosso objetivo. Se você perguntar aos membros da banda eles terão respostas diferentes, mas meu objetivo foi misturar diferentes tipos de música, e não dizer ‘essa parte vai ser de hip hop e essa vai ser de rock’. Queremos que você ouça nossa música e saiba que está ouvindo o Linkin Park.”

QUEREMOS QUE VOCÊ OUÇA NOSSA MÚSICA E SAIBA QUE ESTÁ OUVINDO O LINKIN PARK.” (Mike Shinoda)
“VOU ME ENCARAR PARA APAGAR O QUE ME TORNEI” (What I’ve Done)

Após o sucesso de “Collision Course”, ficou claro que o Linkin Park desejava mais controle sobre sua música – tanto que ao invés de escolher um produtor que aprimorasse o som da banda para o terceiro disco, Minutes to Midnight, de 2007, Shinoda chamou Rick Rubin para criarem um disco que se afastou das influências do hip hop, se focando em criar uma sonoridade vocal unificada com Bennington. Bennington diz que: “Mike canta muitas das harmonias de ‘Minutes do Midnight’, – aproximadamente 70 por centro das músicas – e acho que vocês não perceberam isso porque não costumam ver Mike como um vocalista – o vêem como rapper. Mas se você prestar atenção nos nossos shows, nos verá cantando juntos e me verá fazendo rap às vezes. E é assim que sempre foi: dois vocalistas, duas vozes – mas agora estamos usando nossas vozes de formas diferentes. E nem foi algo consciente, simplesmente gostamos de como ficou no estúdio.”
Da época do lançamento de “Minutes to Midnight”, a próxima declaração de Bennington talvez resuma a nova abordagem da banda na escrita, tanto em “Minutes do Midnight” quanto em “A Thousand Suns”: “Meio que nos preparamos porque vamos dar um grande passo para além do que as pessoas esperam da nossa música. Mas gastamos muito tempo e energia nesse disco, e todos nós amamos cada música, e realmente acho que é a nossa obra prima. Então se não fizer sucesso, se der errado, acho que ficarei frustrado – principalmente porque tivemos que reavaliar o que estamos fazendo e isso poderia ser devastador porque estamos animados pelo que estamos fazendo.

“AS PESSOAS NÃO VÊEM MIKE COMO UM VOCALISTA – PENSAM NELE COMO UM RAPPER” (Chester Bennington)
Entretanto, acabou virando notícia que por trás das câmeras durante a produção de “Minutes to Midnight” nem tudo estava bem para Bennington. Com o divórcio de sua mulher em 2005 que o deixou “falido e vivendo em um apartamento minúsculo”, o vocalista entrou em um ciclo vicioso de bebidas e droga. Na conversa com a Big Cheese ano passado na época do lançamento de seu projeto solo, Dead By Sunrise, ele disse: “Sempre tive problemas com álcool e drogas, e esse passado me forçava a usá-las e a beber muito. Não importava se era anfetamina, cocaína, crack, ecstasy, ácido ou uma mistura de tudo isso – eu só queria continuar doido.”
“Quando olho pra trás, vejo que fiquei bem perto da morte. Não apenas fisicamente, mas mentalmente eu morri algumas vezes. Não é bom quando você assiste o mundo se transformar em outra coisa, quase literalmente em frente dos seus olhos; tem umas criaturinhas dos infernos correndo pelo quarto, as paredes se mexem e as árvores correm ao lado do carro enquanto você dirige.”
Agora estar limpo, sóbrio e em “um bom lugar”, é algo comum ao resto do Linkin Park em relação ao “A Thousand Suns”. Um disco alegremente experimental que pega as raízes do “Hybrid Theory” e as entalham com bases eletrônicas, batidas fortes e tributos ao Public Enemy, “A Thousand Suns” é o som de uma banda que agora está completamente livre e saboreia cada momento dessa liberdade.
Um afastamento planejado, não apenas de “Minutes to Midnight”, mas também dos discos anteriores, “A Thousand Suns” é o som de uma banda que colocou tudo que é, que foi e que será em jogo. E estão ganhando.

“A Thousand Suns” será lançado em 13 de setembro.
Jim Sharples

things aren't the way they were before; you wouldn't even recognize me anymore.