Linkin Park testa seus limites em novo álbum

Se até agora o Linkin Park era conhecido pela alcunha de “new metal” e visto como símbolo de adaptação de um som mais industrial e pesado a parâmetros comerciais, o cenário agora é outro. Esqueça esse Linkin Park: ele não existe mais.

Muitos fatores foram responsáveis por essa mudança. Após o lançamento do fraco Minutes to Midnight, o Linkin Park entrou em crise criativa, tentando encontrar um meio termo entre suas raízes calcadas no hip hop e no metal e as melodias pop que passaram a dominar sua sonoridade. Além disso, desentendimentos entre os integrantes do grupo e pressões da indústria e dos fãs ajudaram a desestabilizar a estrutura já frágil do Linkin Park.

Após três anos, o grupo procurava redenção. Procurava fugir do estigma de banda que cedeu aos caprichos monetários da indústria fonográfica e recriar sua identidade. Depois de ser acusada de fazer um som para ouvidos adolescentes e ainda imaturos demais para perceber o simplismo das melodias e refrões, a banda queria se reinventar.

Para isso, Chester Bennington e Mike Shinoda decidiram sonhar alto. O convocado para comandar a revolução sonora do grupo foi o produtor Rick Rubin, que já moldou o som de artistas como Beastie Boys, Public Enemy, Nine Inch Nails, Johnny Cash, Neil Young, Rage Against The Machine, System of a Down e Metallica.

O resultado? A Thousand Suns é Rick Rubin do começo ao fim. A mão do produtor é tão escandalosamente evidente que seu nome deveria constar no álbum como o sétimo integrante da banda.

O que Rick Rubin conseguiu fazer, como bom produtor que é, foi permitir ao Linkin Park ser aquilo que a banda nunca conseguiu sozinha. Os elementos díspares que existiam no som do grupo – como influências do rap, do metal, do pop e de grupos com uma pegada industrial (como o Nine Inch Nails) – e antes pareciam deslocados se transformaram em uma unidade em A Thousand Suns.

Rick Rubin ensinou a banda a separar, a utilizar os instrumentos de estúdio para dar a cada elemento um destaque merecido, em vez de juntar tudo no mesmo pacote.

Devido a esse trabalho habilidoso dentro do estúdio, o som do Linkin Park se transformou em tudo que a banda sempre quis: limpo, repleto de influências diferentes sem perder a harmonia e, acima de tudo, capaz de englobar sonoridades pesadas e ainda assim permanecer essencialmente pop.

A Thousand Suns é um álbum ambicioso, feito para ser tocado em grandes arenas. O Linkin Park sempre quis ser épico, mas só agora acertou a mão: faixas propositalmente “grandiosas”, como The Requiem, When They Come For Me, Robot Boy, Wretches and Kings e The Catalyst, foram pensadas para shows em grandes arenas, feitas sob medida para emocionar uma massa pronta para ser conquistada.

Pela primeira vez, o Linkin Park conseguiu utilizar com talento referências políticas sem parecer ridículo. Por mais que as referências a discursos complexos a respeito de guerra e paz (o grupo utilizou samples de Mario Savio, ativista que lutou pelos direitos dos trabalhadores oprimidos na década de 60, de Martin Luther King e do criador da bomba atômica, Robert Oppenheimer) sejam ingênuas, a mensagem da banda convence em sua simplicidade – contanto que não seja analisada mais a fundo.

Rick Rubin não resolveu os defeitos do Linkin Park, mas potencializou suas qualidades de maneira engenhosa. A sonoridade de A Thousand Suns pode não ser a minha, nem a sua, mas é um retrato do melhor que o Linkin Park pode ser – mesmo que isso não signifique muita coisa. Mas uma coisa é certa: o Linkin Park achou uma nova fórmula para seguir.

Fotógrafo e Produtor de Vídeo