Linkin Park defende álbum polêmico, marcado por psicodelia instrumental

O Yahoo! conversou com os membros do Linkin Park, que falaram sobre o novo álbum, A Thousand Suns:

No dia seguinte ao lançamento do novo álbum do Linkin Park, banda que toca no festival paulista SWU em 11 de outubro, o vocalista Chester Bennington acessou o iTunes para ler resenhas. Ainda que as respostas não tenham sido todas positivas, ele gostou do que leu.

Desta vez, ou eles [os críticos] adoram e dão cinco estrelas ou então odeiam o disco tanto que… se pudesssem arremessariam de volta na gente“, diz o cantor. “E acho isso ótimo.

Mesmo ainda havendo um pouco da mistura de metal com hip hop que marcou a sonoridade do Linkin Park, o disco A Thousand Suns traz momentos de psicodelia instrumental que são uma mudança grande para os músicos.

Para Mike Shinoda, principal letrista do grupo, o A Thousand Suns é um álbum que “exige muita atenção das pessoas“. “É mais como uma experiência de 48 minutos do que um conjunto de singles“, afirma.

Bennington acrescenta: “Tentamos fazer um álbum que tirasse um pouco a sua cabeça do lugar… e queríamos levar as pessoas nessa jornada. Como um tipo de droga musical.

Uma coisa puxa a outra…

A nova sonoridade da banda não foi intencional. Eles afirmam que enquanto compunham o disco Minutes To Midnight, em 2007, decidiram seguir em uma direção diferente dos dois primeiros álbuns: o bem-sucedido Meteora, de 2003, e Hybrid Theory, de 2000, que vendeu 10 milhões de cópias. Mas, antes de criarem A Thousand Suns, estavam ocupados trabalhando nas músicas do game Linkin Park Revenge, um aplicativo lançado para iPhone.

Rick Rubin, que produziu o novo álbum e também Minutes To Midnight, afirma que compor músicas para o jogo foi o “empurrão inicial” na sonoridade mais recente da banda.

Originalmente eles não sabiam que estavam iniciando um álbum… e tudo acabou meio que tomando vida própria“, disse Rubin. “Então conversamos e concluímos que talvez aquela era a música pela qual eles estavam apaixonados, e era naquela direção que deveriam ir.

O produtor musical veterano, que trabalhou em discos como “Blood sugar sex magic“, do Red Hot Chili Peppers, afirma que a nova abordagem foi positiva para a banda. “Eles surgiram na pontal final do movimento de rap rock… e, então, quando o universo da música alternativa deixou para trás aquele tipo de som, eles ficaram em uma posição meio perigosa“, afirma Rubin. “Poderiam ter continuado fazendo aquele tipo de música, o que eles tiveram muito sucesso fazendo, mas… acho que teria sido uma aposta de muito curto prazo.

Sem açúcar

Ainda que alguns fãs possam não gostar do novo disco, outros já gostaram. A Thousand Suns estreou no número 1 da parada da Billboard este mês, e também atingiu o topo na Europa e no Canadá.

Bennington defende que é praticamente impossível satisfazer todos os tipos de fãs. “Como artistas, fazer música é uma tarefa completamente egoísta“, disse ele. “Estamos fazendo música para nós, música de que gostamos. Não estamos fazendo para os outros… Não estamos pensando, ‘Vamos fazer um gráfico de pizza de todos os nossos fãs e descobrir quantos caberiam em cada categoria, e então fazer o álbum perfeito para eles’. Isso seria absolutamente ridículo.

Para ele, a banda está mais interessada em seu crescimento criativo. “Estamos nos colocando na linha de frente e realmente arriscando com a música e nos sentimos mais confortáveis fazendo isso.
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Uma das mudanças artísticas importantes em A Thousand Suns está no uso de discursos políticos. Há interlúdios tirados de uma entrevista com o físico J. Robert Oppenheimer sobre o Projeto Manhattan (que culminou com a bomba atômica dos EUA) e outro que é parte de uma declaração antiguerra feita por Martin Luther King em 1967.

Eles estão escutando esperança, eles estão escutando raiva, eles estão escutando coisas sobre, você sabe, a humanidade destruindo a si própria“, comenta Shinoda sobre as mensagens do álbum. “Você conversa com seus amigos, você vê coisas nos noticiários, lê coisas online. Queríamos encontrar uma maneira de juntar tudo isso.

Shinoda critica as mudanças recentes na música digital na última década e diz que a maioria dos fãs esperaria ouvir um álbum de singles, não um álbum-álbum. Ele não queria que o Linkin Park tomasse esse rumo.

Citando o baixista da banda, Phoenix, Shinoda explica: “Sinto que a música mainstream que existe por aí, em sua maioria, é como um doce. É boa para um prazer de imediato, mas não tem substância nela depois. E você não pode comer muito, ou vai ficar com dor de barriga.

Eu quero algo que tenha substância – alguma sustentação“, continua Shinoda. “Mas estamos descobrindo que muitos fãs estão tendo dificuldades até mesmo em virar suas próprias cabeças, então imagine em explicar o que é que eles estão indo atrás.

Rubin, no entanto, acredita que os fãs vão embarcar, a seu tempo. “Eu toquei [o disco] para algumas pessoas que não gostam ou nunca gostaram de Linkin Park, e elas adoraram“, disse. “Vai levar um minuto para as pessoas que gostarão disso para perceber que elas gostaram. Serão os fãs de cabeça-aberta que cresceram com a banda e cresceram com eles mesmos.”