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Mike Shinoda sobre LIVING THINGS: ‘Esse álbum não olha só para o futuro, também aceita o passado’

A Q Magazine entrevistou Mike Shinoda, onde conversaram sobre a parceria com Owen Pallet e sobre o álbum LIVING THINGS, além de citar os problemas e a superação de Chester Bennington e como é o relacionamento com o rapper Jay-Z.

Q Magazine: Tudo certo?

Mike Shinoda: Estou de boa cara, tudo certo.

QM: O último álbum do Linkin Park, A Thousand Suns, foi rotulado por alguns como o seu Kid A. Isto faz com que o novo álbum seja o seu Amnesiac? 

MS: Essa é uma pergunta difícil, mas, indo pela analogia do Radiohead, poderia dizer que é o nosso In Rainbows. Eu não sei o que esse álbum significa para eles, mas para nós, uma das melhores coisas em Living Things é a combinanação do espírito de nosso material antigo com coisas que nunca fizemos antes, um pouco como no In Rainbows. Esse é um grande álbum, que nos faz pensar isso. Definitivamente há alguns momentos ousados no álbum – em algumas partes, as pessoas vão pensar ‘puta merda!’.

QM: Este álbum relembra os velhos tempos da banda então?

MS: Bem, após os dois primeiros álbuns, começamos a sentir como se as outras pessoas estivessem copiando a sonoridade desses álbuns e o gênero estava se tornando um pouco enjoativo, então, no nosso terceiro álbum, Minutes To Midnight, demos um pequeno passo para fora dos padrões, antes de fazer um grande salto no último álbum, que, sim, foi mais adiante. Este foi… bem, a melhor metáfora é uma caixa de ferramentas. Com o terceiro e quarto álbum, fomos à procura de novas ferramentas para colocar na nossa caixa de ferramentas – com coisas eletrônicas, sons diferentes. Mas estávamos evitando usar as coisas que já tínhamos naquela caixa. Este álbum mistura todos esses elementos, faz o uso de todas essas ferramentas juntas. Eu diria que os caras estão satisfeitos sobre o que Linkin Park se transformou. Para melhor ou pior, fizemos um monte de coisas diferentes, como o Linkin Park deve ser. Algumas delas, provavelmente nós nos arrependemos, e em algumas outras, isso absolutamente não aconteceu. Em termos gerais, estamos feliz com os álbuns que fizemos e onde estamos agora. Esse álbum não só olha para o futuro, mas também aceita o passado.

QM: Você trabalhou com Owen Pallett no arranjo de cordas deste álbum. Há uma inclinação orquestral no álbum?

MS: Não muito. Eu amo o trabalho do Owen com Arcade Fire e nossa experiência com ele acaba de ser excepcional. Ele só trabalhou em uma das músicas, I’LL BE GONE, a que estou realmente ansioso para os fãs ouvirem. Ele foi realmente incrível. Nós lhe enviávamos arquivos e notas para trabalhar e ele enviava novas coisas basicamente no dia seguinte, era incrível.

QM: Você fala sobre ele ser rápido mas vocês mesmos são bastante produtivos – você não estava trabalhando em uma trilha sonora enquanto escrevia este álbum?

MS: Eu realmente estava, eu fiz a trilha sonora de um filme chamado The Raid. Sabe, houve um momento durante a criação da trilha sonora de The Raid em que fiquei duas semanas sem pedir a opinião de ninguém. Eu simplesmente fui e me dediquei a música. Eu meio que voei para dentro da toca do coelho e saí com um monte de músicas. Então, eu trouxe isso para a banda. Eu disse, ‘ei, eu acho que estamos pedindo opinião demais uns com os outros’. Vamos parar de opinar com cada um, acabar com as reuniões de banda e críticas a nossas músicas. Vamos simplesmente mergulhar e ignorar as barreiras. Vamos! Nós na verdade fizemos uma porrada de ótimas músicas naquela hora.

QM: Em 2004, você fez um álbum de colaboração com o Jay-Z, Collision Course. Você sentiu que esse seria o empurrão para dominarem o mundo da música?

MS: [Risos] Isso é muito engraçado. Bem, nos EUA, pelo menos, dizer que o Jay-Z já conseguiu isso, é algo óbvio. Eu acho que, o que tínhamos para oferecer a ele na época, era um experimento novo e criativo. Ele nunca tinha feito nada com uma banda como a nossa. Nosso relacionamento com o Jay é uma espécie de liga-desliga. Ele é claramente talentoso e é ótimo em conseguir entender o que o público deseja, de uma forma que a maioria das bandas, provavelmente incluindo a nós, não conseguimos. Algumas semanas atrás, fui ao SXSW, disse um ‘Oi’ e tomei umas bebidas antes do show. Foi divertido.

QM: Existe alguém que você ainda está louco para trabalhar junto?

MS: No momento, estou animado com a chance de trabalhar com os nossos produtores para reinventar as músicas. Parece bobo, porque vocês nem sequer ouviram as músicas, mas para mim, eu tenho vivido com eles durante meses, então, estou louco para ouvir as opiniões sobre elas. Uma coisa que estamos fazendo com o lançamento deste álbum é que, se você comprar o álbum através do nosso site oficial, você irá ganhar um remix por mês. Estamos apenas tentando incentivar as pessoas à comprarem pelo nosso site.

QM: Mudar os padrões, vendendo online diretamente para os fãs? Este realmente é o seu In Rainbows…

MS: Acho que sim! Então você compra o seu álbum e todo mês você recebe um remix de uma música do álbum, feita por outro artista. Parecido como foi no álbum Reanimation, mas dividido em alguns meses. É bom estar em contato direto com o fãs, quando se trata de lançar uma música e não ter outras empresas no caminho.

QM: A luta de Chester Bennington contra o vício das drogas e demônios pessoais, foi muito bem documentada. Ele está com a cabeça no lugar, hoje em dia?

MS: Hoje em dia, ele está com a cabeça tá no lugar. Eu estou realmente feliz por ele, porque ele é um cara tão engraçado. É engraçado. Neste álbum, há alguns momentos que são sobre momentos chatos. A certa altura, quando estávamos terminando um deles, nós pensamos, tipo ‘cara, você é um cara tão alegre que é engraçado te ver ficar assim e ficar tão mal’. Porque eu sei que esse é um sentimento real. Ele ainda fica assim, quando pensa sobre essas coisas, ele fica muito chateado. Lembro-me de um dia, no meio das gravações dos vocais, ele teve que tirar uns dois minutos pra retomar o foco na música, para parar de ficar ligado a isso, de uma forma literal. Ele voltou, terminou de gravar e tudo mais. É muito real. Isso me surpreende às vezes, por que geralmente ele é um cara alegre e carinhoso.

QM: Sua música é geralmente identificada como bastante sombria, lidando com assuntos pesados. Existe um lado mais leve do Linkin Park que não vemos?

MS: Absolutamente. A banda tem um enorme senso de humor sobre si mesmo. Quando nós não estamos compondo uma música, você pode ver que estaremos zoando um com o outro, fazemos isso sempre. Se alguém se esquecer de onde veio, se qualquer coisa sobre o seu ego virar assunto ou se tiver alguma interpretação errada sobre o que a banda é, definitivamente vamos zoar sobre isso. Realmente, no final das contas, nós somos meio nerds. Nós podemos tentar, subir no palco, agir e parecer cool, mas não somos cool. É divertido ver isso e é uma parte da experiência de assistir a um show nosso, mas se você for em nossa página no YouTube, você pode ver quem realmente somos – não somos cool e também não somos uns caras sérios.

QM: Finalmente, você se lembra daquele jogo de futebol entre Linkin Park vs Q Magazine em 2010?

MS: Essa foi a primeira coisa que pensei quando atendi a ligação! Eu não sou uma pessoa muito atlética. Espero que vocês não tirem sarro de mim! Foi um jogo surpreendentemente competitivo. Achei isso surpreendente por que, quando vimos, a equipe da Q Magazine estava no aquecimento há mais de uma hora. Nós olhamos um para o outro e pensamos: ‘Meu Deus, esses caras estão levando a sério, o que vamos fazer?’ Mas acho que vocês acabaram ficando cansados com isso! – se eu estivesse em um jogo de um contra um, com algum jornalista da Q Magazine, certamente eu perderia. Eu não sou nenhum David Beckham, com certeza não sou.