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Chester Bennington diz que compor é como ‘caçar’

O grupo norte-americano Linkin Park é atração, no próximo final de semana, de um Rock in Rio Lisboa atípico – é o festival que pela primeira vez em 30 anos de história vai abrigar um show dos Rolling Stones, a turnê 14 On Fire. E é o show dos Stones mais barato de toda sua excursão – custam 69, ao passo que, em Oslo, custam 149 e no festival de Roskilde custam 135 (não adianta muito, já que os ingressos já estão esgotados).

Quanto ao Linkin Park, coadjuvante na festa, vai ser o primeiro show no qual a banda apresentará algumas músicas de seu novíssimo álbum, Hunting Party. Gestado em um período em que floresceram muitos grupos que misturavam metal com rap, funk com música eletrônica (como Korn e Limp Bizkit), o Linkin Park retorna com um trabalho pesado como alguns de seus melhores momentos.

O vocalista do grupo, Chester Bennington, falou ao Estado por telefone na semana passada sobre o trabalho e sobre o show no Rock in Rio Lisboa. Disse que possivelmente não tocarão muitas canções novas, “umas duas ou três”, porque o show ainda não está pronto.

O Linkin Park, ganhador do Grammy, além de Bennington e Mike Shinoda nos vocais (e nos teclados e guitarra), tem Rob Bourdon na bateria e percussão, Brad Delson na guitarra, Dave Phoenix Farrell no baixo, Joe Hahn como programador e DJ. A banda já vendeu mais de 50 milhões de álbuns na carreira e é gigante no Facebook, com mais de 40 milhões de seguidores. Também é engajadíssima: em 2005, fundou a Music For Relief, uma organização sem fins lucrativos que já levantou mais de US$ 5 milhões para vítimas de desastres naturais.

Você sabia que há um filme com o mesmo nome do seu novo disco, Hunting Party, um thriller com o Richard Gere?
Para ser sincero, não sabia. É só uma coincidência. O título se deve ao seguinte: quando comecei a compor para o álbum, eu não tinha a menor ideia de onde estava indo. O processo de compor era tipo uma caçada, eu só sabia que queria misturar a coisa mais heavy, fazer um disco pesado que tivesse facilidade de ser mostrado para uma grande plateia em grandes arenas. Eu não sabia onde estávamos indo, mas sabia que era uma espécie de fome, um processo de devorar, um desejo de englobar. Até pensamos em um nome, carnívoro, que o definia bem, uma ideia de comer com grande apetite. Foi então que nos demos conta de que era uma “Hunting Party”. Mas ainda não estamos seguros de fazer um show totalmente baseado nesse álbum, o show no Rock in Rio terá algumas experiências.

Ouvindo as músicas novas, como Keys of the Kingdom ou Until It’s Gone, a gente tem a impressão que é um leque amplo de pegadas, que vai do hardcore às coisas mais soft, mais melódicas.
Olha, o que posso dizer é que foi tudo um processo muito orgânico. Tentamos criar aquilo que a canção pedia, se ia mais para o melódico a gente também ia. Foi um trabalho no qual a gente mais tentou criar do que manipular. Queria que a música me desse aquilo que eu esperava dela. Não sei se é compreensível, mas se cabia ali um acorde mais emocional, era isso que eu colocava. Esse leque que você menciona, a gente queria que fosse natural, e não artificial. É que o processo de estúdio é geralmente muito autofágico, ele obriga às vezes a encaixar aquilo que tem à disposição. Nós lutamos contra isso. Eu acredito que é um disco típico do Linkin Park, com hip-hop, eletrônica, rock. É simples e pesado. Espero que vocês gostem.

Há algum tempo, ouvi uma história de que você teria de passar por uma cirurgia na garganta, que estava com algum problema. Era verdade isso?
Não tive problema nenhum. Às vezes, eu fico fisicamente esgotado ao final de um show. Mas é um boato, não fiz cirurgia algum, minha voz está legal. Isso deve ter surgido de algum momento em que eu demonstrei estar cansado ou esgotado.

A sua fundação, Music For Relief, está um pouco fora do noticiário. O que vocês têm feito em termos de campanhas assistenciais?
Temos atuado em áreas afetadas por tornados, furacões, desastres naturais como um todo. Também tentamos minimizar os efeitos da pobreza, especialmente em lugares muito turísticos, onde essas contradições são dolorosas e não precisam existir, porque há riqueza no local. Estamos sempre tentando achar formas de ajudar, mas também de dar às pessoas fontes de renda mais perenes, que possam amenizar suas tragédias dramáticas. Estamos de olho em lugares que requerem nossa ação, como a Turquia. Acho também que há lugares, como o Brasil, que vai abrigar um megaevento, que é a Copa de Mundo de futebol, em que as pessoas precisam fazer a sua lição de casa, trabalhar para reduzir as contradições. Nós procuramos também auxiliar crianças, não apenas com ajuda material, mas também psicológica.

Fotógrafo e Produtor de Vídeo