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Entrevista: Mike Shinoda fala sobre Fort Minor, Rap Moderno e Linkin Park.

O lançamento de Welcome na semana passada mostrou que Shinoda está de volta com o seu próprio rap que reúne grandes melodias e instrumentais. Sobre sua volta e o possível novo caminho que seguirá com o Fort Minor, confirá a seguir. O site artist direct entrevistou Mike shinoda sobre tudo o que ele aprendeu desde “The Rising Tied”, o futuro do Fort Minor, o novo hip hop que ele cava, e outras coisas. Traduzimos a entrevista na íntegra pra vocês.

 

“Welcome” retoma de onde você parou com The Rising Tied, mas ao mesmo tempo soa como se você estivesse pisando em um território diferente também. 

Eu sinto como se eu tivesse aprendido diversos caminhos para se fazer uma música desde aquela época. Meu kit de ferramentas está muito maior agora do que era quando eu gravei o primeiro álbum do Fort Minor. Nesse meio está até mesmo o fato de que eu consigo cantar um pouco mais agora, naquela época eu ficava realmente desconfortável cantando. Eu provavelmente poderia fazer isso, mas não tinha tanta prática quanto tenho agora. Mesmo no estúdio – se você pegar o The Rising Tied – nós tínhamos acabado de sair do Hybrid Theory e Meteora, eu estava pensando tudo naqueles termos, fiquei me perguntando se eu tinha feito uma música fora desses dois álbuns, se isso seria mesmo aceitável para os fãs, para mim mesmo, e o que fazer com isso.  Muita coisa mudou.

 

Você escreve todas as letras fora ( antes de ir para a gravação) ou tende mais a improvisar na cabine?

Eu faço um pouco de mixagem. Tudo é escrito. Mas muitas vezes eu deixo a música correr e gravo, eu chamo isso de “traintracking it” (seguindo o trilho). Você coloca um par de trechos pra fora, e depois faz isso de novo. Você tentar gravar uma vez, e então tenta duas, três, ou mais quatro frases nisso. Na verdade eu aprendi isso observando o Jay-z. Há muitos artistas que fazem isso, Jay-z, Kanye West e Lupe Fiasco fazem tudo desse jeito. Isso funciona muito bem para mim. Eu faço um pouco disso, mas para o meu estilo, eu definitivamente volto e ajusto as palavras, e escrevo tudo para ter certeza e fazer um exame minucioso sobre o nível do que eu coloquei nos vocais.

 

Qual é  história por trás de “welcome”?

No momento eu estava um pouco frustrado. Ela é claramente uma música de um intruso ou estranho, estava sentindo como se eu não pertencesse ou sei lá.  Eu acho que volta para o que estava acontecendo, a banda estava em um ponto onde não havia muita coisa acontecendo, o que é relativo, porque tudo é sempre uma loucura com a banda. Estávamos em um tipo de “entre projetos” e eu não sei exatamente o que foi esse período. Eu estava refletindo sobre como eu terminei onde estou. Quanto mais eu olhava para isso mais eu sentia como “ ser um estranho não significa necessariamente que você tem que se sentir mal sobre isso”. Há um sentido de chegar a um acordo comigo mesmo na música, é engraçado porque foi orgânico e fluído, saiu tudo de uma vez só. Isso é incomum para mim. A música foi feita antes mesmo de eu saber. Eu escutei ela e foi como “Ai meu Deus, isso não é uma música do Linkin Park”.

 

Liberá-la depois de tanto tempo em hiato fez “welcome” ser realmente especial.

Essa música tinha que ser o tipo certo de canção a fim de ser a primeira em dez anos, não poderia ser qualquer música.  Eu fiz coisas antes e foi como “ Eu não sei se isso é Linkin Park” mesmo que fosse uma música do estilo Fort Minor eu poderia pensar “Será que eu realmente é com esse tipo de música que eu quero voltar depois de tanto tempo?” Seria um jeito estranho de voltar. Algumas dessas ideias acabaram se tornando coisas diferentes. Eu tinha uma onde a música terminou como uma interlude e algo assim. Quando Welcome surgiu, foi tudo feito muito rápido. Eu sabia que se eu tivesse feito pelo processo do Linkin Park muita coisa mudaria e eu não queria mudá-la. Mesmo se não houvessem mudanças, apenas a ideia de jogar alguma versão dessa música no palco com os seis caras da banda ali fazia parecer que ela  mandaria uma mensagem diferente. Imagine a diferença entre eu fazendo isso sozinho e eu fazendo  isso com o Chester. Seria totalmente diferente.

 

Você estabeleceu uma identidade para o Fort Minor.

Eu sei que inclui coisas que aprendi desde o Collision Course e o Meteora, que na verdade foi o período que lancei o primeiro álbum do Fort Minor. Pense no Minutes to Midnight, A Thousand Suns, Living Things, que foram álbuns feitos com o Rick Rubin, já o The Hunting Party, que foi um álbum que fizemos por nossa conta, tinha todas essas técnicas de escrita e abordagens criativas. O modo como pensamos e o modo como nos aproximamos das músicas é muito mais diferente do que era antes. Por exemplo, quando estamos escrevendo uma música para o Linkin Park, o que fazemos é pensar sobre com qual banda o som que fazemos se parece e o que essas bandas não são capazes de fazer o que nós podemos.

Se estamos escrevendo uma música que se parece com o U2, o que eles não conseguem fazer? È claro que eles não usam muitos eletrônicos, eles não fazem rap, e eles não soam tão pesados. Se estamos fazendo um som parecido com o Radiohead, acontece a mesma coisa. Eles podem fazer o mesmo tipo de eletrônico, mas não fazem rap. Eles nunca colocariam hip hop e coisas do gênero. Quando eu estava fazendo Welcome, eu estava meio que “Ok, o que eu posso fazer com uma música de rap que soe natural?”. Foi aí que a parte cantada e os aspectos mais melódicos apareceram. Com as evoluções dos acordes e com o jeito como eu acrescentei a música, pareceu muito diferente do Linkin Park. Uma vez que alcancei esta ponte, eu percebi: “Agora eu tenho uma bela e sólida canção de hip hop. Vamos ver no que dá”. Foi ai que esta provisão de rock com o teclado e baterias começaram a aparecer.

 

 

Qual foi a maior lição que você aprendeu com o Collision Course?

A partir deste momento,  sem perceber, eu estava seguindo para o rap e estava sendo um tipo de ouvinte. Eu estava definitivamente compondo as músicas do fundo do meu coração. Ás vezes, quando você escreve, você imagina um tipo de público ou pessoa ouvindo seu trabalho. É o mesmo pensamento de quando as pessoas escrevem uma música e querem tocá-la ao vivo para ver qual será a reação do público. Isso foi o contrário do que aconteceu no Collision Course e o que veio depois disso, porquê um vocalista de hip hop hardcore, como o tipo de pessoas que eu me divertia no ensino médio, na verdade não estavam lá. Elas não estavam no show. Eles não estavam no estúdio. Uma vez que eu trouxe isto para mim, eu disse: “O que o Mike do ensino médio diria sobre este verso?”, de repente eu fui desde “Nobody’s listening” no Meteora, até “Bleed it out” e “Hands Held High” no Minutes to Midnight. Esses versos eram muito mais complexos e verdadeiros ao tipo de hip hop que eu escutava quando estava crescendo.

 

O que o novo hip hop tem te inspirado a fazer?

Eu amo o que está acontecendo com o hip-hop no momento. Esta é uma das melhores épocas para o hip-hop ultimamente, porquê está tudo muito variado. Existem tantos artistas diferentes, abordando sobre coisas diferentes. Você tem que ouvir artistas como o Kendrick Lamar e o pessoal do Top Dog Entertainment, ASAP Rocky, Action Bronson e Joey Badass. Eu achei o novo trabalho do Drake (If you’re Reading this it’s too late). Isso me chamou atenção. Há muitos tipos diferentes de trabalhos rolando por aí. Chance The Rapper é realmente muito bom. Todo o estilo deles e as abordagens se destacaram, para mim, isto é muito legal. Quando “Welcome” saiu, muitos fãs ficaram meio que: “Isso me lembra o Kid Cudi”. Eu não acho que minha música se parece com a dele, talvez um pouco. Especialmente porque ele é muito musical. Existem muitos novos artistas aparecendo por aí.

 

Qual a sua visão do Fort Minor agora?

Eu diria que estou levando, Eu mal estou marcando shows ou aparições. O Linkin Park tem uma turnê na China e outra na Europa. Eu vou provavelmente tirar um tempinho, tipo uma semana para reagrupar e me rearranjar. Assim que começarmos com as turnês, haverá muito trabalho, estamos ocupados. Eu verei como serão as coisas com o Fort Minor. Mas uma coisa que sempre estou fazendo é escrevendo músicas e isto é ótimo. Entretanto, pode não ser bom para os caras da banda. Agora que a porta já está aberta, eu me sinto como se não tivesse problema em oferecer algo para os fãs, até porque já está feito, e é algo bom. As músicas não precisam ser singles ou grandes sucessos ao mesmo tempo. Para mim, isto tudo está virando mais como uma paixão ou como um projeto underground.