Entrevista do LPAssociation com Mike Shinoda

O Linkin Park está se preparando para lançar seu sétimo álbum de estúdio chamado “One More Light”, que sairá no dia 19 de maio. A banda, conhecida por misturar gêneros e assumir riscos, disponibilizou na semana passada seu novo single, intitulado ‘Heavy’.

O Linkin Park Association teve a oportunidade de fazer a Mike Shinoda algumas perguntas sobre o novo álbum e, ele pareceu realmente animado em tirar algumas dúvidas. O que os fãs podem esperar de ‘One More Light”? Como o novo álbum se diferencia dos trabalhos anteriores? Quantas parcerias eles puderam fazer e como foi a mudança do “The Hunting Party” para “One More Light”? Confiram em nossa tradução.

LPA: Nós notamos que esse álbum é algo bem pessoal pra vocês. Você mencionou que família foi o que te levou a escolher a capa do álbum, por exemplo. Mas antes vocês já haviam escrito músicas que eram bem profundas, pessoalmente falando. O que difere nesse álbum? “Família” é um tema que vai estar mais explícito nesse álbum do que nos anteriores?

Mike Shinoda: De certa forma, esse álbum é mais pessoal porque é mais específico. Talvez porque cada música começou com ideias e letras. Em One More Light, é frequente as palavras pintarem a imagem que te coloca no tempo e espaço da música. Por exemplo, em “Halfway Right”, Chester canta “Eu ficava doido com as crianças sem rumo/em casas abandonadas onde as sombras vivem”. É uma imagem muito específica e provavelmente uma que não apareceu em nenhum álbum anterior.

LPA: Com a lista de músicas revelada, parece que muitas das músicas tem o mesmo título que vimos no quadro quando vocês começaram. Você disse uma vez que isso ocorre porque vocês escrevem as letras antes de fazer a música, então dessa vez, vocês tinham um esquema de nomes baseados nas palavras que estavam escrevendo ou baseado nos sons que estavam fazendo?

MS: Sim, os títulos das músicas já estavam lá desde o início, porque as palavras vieram primeiro. Nos álbuns anteriores, eu começava uma música com os sons, então eu tinha de inventar palavras aleatórias para nomear os arquivos no computador. Mas nesse álbum, todos os títulos são palavras nas músicas.

LPA: Nós ouvimos você falar sobre a natureza sombria da faixa “One More Light” – dicas de que vai ser uma música bem crua e cheia de emoção. Com esse álbum sendo tão pessoal, quais foram os desafios que você enfrentou ao escrevê-lo? Você pode mencionar algum momento ou faixas do álbum onde você acha que os ouvintes podem achar desafiador ou inesperado?

MS: A música “One More Light” é bem direta, baseada na morte de um amigo. É o coração do álbum de certa forma, talvez por causa do seu minimalismo, ou por causa do tema e da forma que foi executada. É sobre perda, conexão, e as múltiplas emoções que surgem junto com esse tipo de história.

LPA: Como acontece em todo álbum do Linkin Park, você sempre divide um pouco a base de fãs. Na coletiva de “One More Light” você disse que não faz tanto rap como nos anteriores, mas canta mais. Você também disse que não há gritos nesse álbum nem guitarras *realmente* pesadas. Foi uma decisão consciente, feita durante o processo ou há faixas que você gravou e decidiu não incluir na lista das 10 porque talvez não se encaixaram no tom geral e na mensagem que você queria criar para o álbum?

MS: Nós não ligamos de verdade para gênero. As escolhas sonoras feitas nesse álbum foram intencionadas pra caber melhor em cada música. Nós focamos em palavras e melodias que pareciam mais especial para nós, aí criamos sons que apoiassem a música e criamos a melhor paisagem sonora que captasse a ideia. No fim do dia, você ouve e percebe que não miramos dentro da caixa, e isso é algo que gosto muito.

LPA: Durante o processo de composição das letras em “One More Light” vimos vários artistas sendo mencionados, ou vistos no estúdio que poderiam ser potenciais colaboradores pro álbum, incluindo The Chainsmokers, Blackbear e Conner Youngbloog, dentre outros. Com a lista de faixas final só mostrando a participação da Kiiara, você pode nos dar uma luz pra sabermos se algum deles participaram mesmo que restritamente no novo álbum? O Blackbear postou no SnapChat ano passado algo do estúdio o que muitos acreditam ser “Sorry For Now”, é sério isso e ele estava envolvido mesmo?

MS: Geralmente, nós entraríamos em uma sala com alguém e começaríamos algo através de um rascunho. Trabalhamos quase do mesmo modo como escrevemos as músicas, mas com um poder fogo extra. Eu acho que você já conhece alguns dos colabores do álbum: Andrew Dawson, Eg White, Justin Parker, RAC, Julia Michaelis, Justin Tranter. Na faixa “Sorry For Now” eu tinha os vocais e uma pré-ideia de faixa que a banda toda gostou, mas todos nós achamos que a faixa poderia ser mais incrementado. Convidamos Blackbear e Andrew Goldstein e criamos um vocal juntos que elevou toda a canção. Foi muito divertido ter pessoas que possuem diferentes perspectivas e talentos reunidas no estúdio.

LPA: Antes do lançamento do “The Hunting Party”, você lamentou o estado do rock – talvez porque faltava a presença de guitarras mais viscerais que você, a banda e muitos de nós, sempre ouvimos. Você também chegou a dizer que muitas músicas mais ‘pop’ estavam saindo de bandas mais indies e alternativas. Mas alguns fãs e jornalistas da área da música disseram que ‘Heavy’ é uma faixa mais ‘pop’ e que está mais popular ao público e às rádios do que trabalhos anteriores do Linkin Park. O “The Hunting Party” foi mais do que uma mensagem para o cenário musical? O que você diria aos fãs que devem estar considerando a mentalidade quase anti-pop impulsionado pelo metal do último álbum?

MS: Ótima pergunta. Pense em uma galeria de arte: cada exibição tem suas próprias características, inspirada naquilo que o artista estava sentindo no momento que as fez. Não somos o Mc Donald’s, não fazemos sempre as mesmas coisas. Para ficarmos felizes, temos de experimentar e pressionar nossas barreiras sobre o que a banda é e sobre o que fazemos. Além disso, qualquer um que ache que a banda possui um gênero não está de fato familiarizado com nosso som. Estamos orgulhosos por sermos capazes de tocar com Paul McCartney, Metallica, Jay-Z e Steve Aoki. Quem mais pode fazer isso?

LPA: Não temos certeza se isso é algo de que você está ciente, mas a partir da perspectiva do público, parece que “One More Light” pode ser a primeira vez que vimos esse lado da banda. Vocês parecem genuinamente confortáveis, felizes e empolgados nesse momento, podemos sentir isso através das entrevistas e do resultado da produção do álbum. É como se estivesse otimismo em tudo o que vocês estão fazendo. Há algum mérito para tudo isso?

MS: Assim como qualquer um, os seis caras da banda são complexos e humanos. Eles têm dias bons e ruins. Acho que uma coisa sobre este álbum e sobre o momento em que estamos é que estamos confortáveis com nós mesmos e confortáveis em dividir nossas experiências e arte de uma forma que nunca fizemos. Acho que isso é o que torna “One More Light” especial e mal posso esperar para que as pessoas escutem o álbum.

Fotógrafo e Produtor de Vídeo