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Mike Shinoda: “Estamos focados no melhor álbum que podemos fazer”

Em recente entrevista para o site Irish Examiner, Mike e Chester comentam sobre o processo de gravação do seu próximo álbum One More Light, contando sobre o quão pessoal esse álbum é para banda e como eles se sentiram durante todo o processo. Confira abaixo a tradução completa do artigo escrito por Kerri-Ann Roper.

“Com a presença de Stormzy e um vocal feminino, a banda americana mostra que está disposta a passar todos os limites”, escreve Kerri-Ann Roper.

Chester Bennington se parece com o tipo de estrela do rock que você só lê a respeito. Mas aqui está ele, em carne e osso, sentado num sofá de couro num estúdio em Kensington, Londres.

Uma rápida olhada confirma sua identidade de estrela do rock. Tatuagens? Confere. Piercings? Confere. Unhas pretas? Confere. Seu colega de banda e amigo Mike Shinoda está sentado ao lado dele, exalando simpatia, com um certo ar calmo e misterioso a sua volta.

Mas mais adiante em nossa conversa, a dupla fala sobre como é ser pai, sobre o quanto demora sair de casa quando se tem filhos. E aquela imagem parcial de estrela do rock desaparece.

Seu sétimo álbum, One More Light, será lançado no dia 19 de maio, e enquanto alguns detalhes já foram liberados – como a participação de uma vocal feminina e de Stormzy, o resto de sua missão musical continua igual.

Seguindo o lançamento do primeiro álbum, Hybrid Theory, de 2000, a banda marcou uma trilha de sucesso musical no que quer que eles façam. O álbum de estreia vendeu mais de 10 milhões de cópias, ganhando status de diamante, e até então a banda ganhou dois Grammy Awards, e mais um monte de outros prêmios.

Já faz três anos que o último álbum, The Hunting Party, foi lançado, e os fãs estão esperando por músicas novas desde então.

“Nesse álbum,” Shinoda, 40 anos, explica, “eu acho que chegamos na metade, gostamos do que fizemos, e decidimos diminuir o ritmo pra trabalhar melhor nele.”

Ele quis dizer que trabalharam de forma diferente nas faixas. Anteriormente eles faziam demos, adicionavam letras e melodias. Mas, dessa vez, eles inverteram as coisas.

“Começamos com conversas sobre o que estava acontecendo em nossas vidas e a partir daí começamos a criar letras e melodias baseadas nessas experiências,” Bennington de 41 anos explica. A banda dividiu histórias diárias e construíram a música ao redor das histórias, ou de uma emoção ou experiência que eles tinham passado ou sentido.

“Isso muda muito a dinâmica do som, porque deixamos nossas emoções e sentimentos dizerem à música o que fazer, oposto ao que acontecia antes, quando o som nos dizia que emoção a música deveria ter.”

No dia anterior, durante uma sessão de Perguntas e Respostas seguida de um playback de algumas músicas para uma plateia de poucas pessoas, Bennington falou abertamente sobre como sua mente andava quando estavam começando o álbum.

“Eu odiava o mundo. Eu tinha uma música no telefone chamada ‘I Hate The World Right Now’ (‘Eu odeio o mundo agora’). Eu estava me sentindo bem suicida. Eu odiava minha vida,” ele diz.

“A maior parte do sofrimento que eu sentia era auto imposto. Todos esses pensamentos estavam presos na minha cabeça. Não era saudável. Eu lembro que eu só queria ser deixado de lado.”

Mas ele diz que o processo de composição e a banda o deixando pra cima o ajudaram a deixar a escuridão em um lugar melhor.

Ele explica: “Eu não gosto de sentir coisas. Eu não quero ter qualquer tipo de sentimento. Mesmo agora, com todo esse processo, foi o ponto inicial, eu trabalhei em todas essas coisas e comecei a mudar meu modo de enxergar o mundo. Comecei a falar sobre meus sentimentos. Aí quando percebi, eu não estava mais sozinho conversando na minha cabeça. Eu estava convidando pessoas pra conversar e receber um feedback e trabalhar nessas coisas. No fim de tudo, fiquei surpreso de um dia ter estado nesse lugar. Eu estava tipo, ‘Wow, não consigo me ver naquele lugar de novo porque eu tenho amigos tão bons’. Eu tenho uma esposa linda, filhos ótimos, um trabalho incrível.”

A primeira frase do primeiro single do álbum é um reflexo de onde ele estava emocionalmente. A música, chamada Heavy, começa com as palavras: “Eu não gosto da minha mente nesse momento.” Deixando a letra de lado, também é a primeira vez que a banda tem vocais femininos, com a presença da estrela pop em ascensão Kiiara na música.

“As pessoas de fora da banda, seus pontos de referência, todos esses outros artistas estão em situações bem diferentes,” comenta Shinoda.

“Não temos uma linha do tempo no álbum, é sempre que queremos lançar, não temos alguém da gravadora enchendo o saco dizendo, ‘e os planos de marketing?’ No nosso mundo, a gravadora confia em nós, nós somos os artistas, sabemos o que queremos e estamos focados no melhor álbum que podemos fazer.”

O álbum é caracterizado como sendo o mais pessoal até agora, e Shinoda revela ter escrito uma das faixas para seus filhos.

“Teve um dia que acordei, eu estava arrumando meus filhos pra escola, e eles estavam brigando comigo por qualquer coisa,” ele se lembra. “Com os pequeninos, às vezes a caminhada de cinco minutos de dentro de casa até entrar no carro e ir pra escola pode se tornar em algo de 30 minutos, porque você fica tipo ‘eu disse pra você pôr os sapatos, cadê sua irmã? Calma, cadê suas calças? Você precisa de calças pra ir pra escola.”

Bennington menciona sua própria fala de “eu disse pra você escovar os dentes 40 minutos atrás” e ambos concordam sobre coisas de ser pai.

A banda vai fazer uma turnê extensa para coincidir com o lançamento do álbum, apesar de ainda não terem planos sobre shows na Irlanda.

“Nunca vamos ficar em um lugar por tempo demais,” diz Bennington. “Nossa jornada musical não tem destino, apenas paradas. Tem lugares que queremos visitar e aí seguir em frente.”

One More Light será lançado no dia 19 de maio.