Mark Hoppus entrevista Linkin Park – Tradução

Confira logo abaixo a entrevista que o Mark Hoppus, do Blink 182, fez com o Linkin Park, em seu programa na FUSE, que já postamos o vídeo do youtube aqui, porém, agora você pode conferir a entrevista traduzida (clique em Mais para ver a transcrição completa):

Mark: Aparentemente, vocês não gravaram um álbum novo. Vocês completamente destruíram e  reconstruíram sua banda.

Chester: Basicamente isso. Nós decidimos fazer um álbum que nos desafiasse de uma maneira que não tínhamos sido desafiados antes, e não cair de volta nas coisas que nos faziam sentir confortáveis.

Mark: Como o quê? O quê te fazia sentir confortável?

Chester: Sabe, guitarras pesadas, por exemplo, nos refrãos. Sabe, a estrutura das músicas, verso, refrão, verso, ponte, refrão duplo, esse tipo de coisa. Esse padrão. Essa coisa que fazemos, e nós queríamos nos empurrar como compositores e tentar coisas novas, e com a ajuda do Rick Rubin ser um excelente capitão… A mágica começou a acontecer, pra falar a verdade.

Mark: E vocês se colocaram em algum ambiente diferente ou vocês estavam num estúdio tradicional ou numa casa? Como vocês gravaram?

Rob: Na verdade… Quando gravamos o último álbum, nós fomos para uma das casas do Rick Rubin e gravamos lá. Mas com esse, na verdade, nós voltamos para o mesmo estúdio que gravamos o Hybrid Theory e o Meteora. Nós gostamos de escrever no estúdio. Nós vamos para o estúdio agora sem as músicas completas e nós meio que gravamos e escrevemos ao mesmo tempo. Digo, em algumas das músicas, as coisas que você ouve no álbum são da primeira etapa, a primeira idéia saindo. Nós fizemos uma vez… Nós estávamos falando sobre fazer um álbum que meio que te tira de sua mente e te leva numa jornada e, sabe… Te coloca dentro da música e te tira da realidade por um tempo.

Chester: Nós queríamos entrar num ambiente mais surreal, durante o processo de criação do álbum… Sem ter que usar drogas ou algo do tipo.

Mark: [risos]

Chester: Então, nós enchemos o estúdio com 3 mil balões.

Mark: Uau

Chester: E nada te tira tanto da realidade quanto entrar num grande cômodo, pouco menor do que este, com balões até a cintura, e deitar no chão e falar “Eee! Isso é tão divertido.”

Rob: Mas os funcionários do estúdio odiavam

Mark : Nós precisamos de 60 balões experimentais, agora.

Rob: Nunca fizemos algo assim antes, então, foi divertido.

Chester: É.

Mark : Legal.

Chester: Esse cara, ele ficou azul por uma semana.

Mark: Ah, então eles estavam no chão, não no teto?

Chester: Não, eles foram cheios com a boca. Eles… E eles enchendo um monte de balões. Foi louco. Foi hilário.

Mark: Mas quer saber? Vai ser uma ótima história, quando algum desses funcionários se tornar um engenheiro ou produtor algum dia, eles vão falar “Eu lembro dessa vez que trabalhei com o Linkin Park, e eles me fizeram encher 5 mil balões.”

Chester: É.

Mark: Vai ser meio que uma lenda urbana. Então, como é trabalhar com o Rick?

Chester: É bom pra gente, porque nós meio que… Nós gostamos do fato de que o Rick ama música, de um lugar bem genuíno. Ele é de fato um fã da música. E ele gosta de boas músicas, independente do que gênero elas são. Isso funciona muito bem com a gente, porque se criamos uma faixa de hip-hop que ele tem um pressentimento sobre. Ele nos deixa entrar naquilo e analisar a idéia. Sem ter que fazê-la não achando muito honesto ou sincero. Ao invés de tentar forçar uma música de hip-hop na gente, porque é isso que fazemos. Mas ao mesmo tempo, nós talvez só o veremos uma vez ao mês.

Mark: É, eu ia perguntar sobre isso. Vocês se encontram com ele?

Chester: Sim, sim.

Mark: Você fez dois álbuns com ele e teve a oportunidade de encontrar com ele. Legal.

Chester: E muitas pessoas pode não achar isso bom, mas, para nós, isso nos permite ser artistas. Isso nós permite pegar a informação dele, “Eu gosto dessa faixa, eu gosto daquela faixa, eu entendo o que o que você está fazendo, mas não escuto uma música pra valer.” Sabe? “Isso soa muito bem como se estivesse no álbum de outra pessoa 10 anos atrás.” Sabe? Tem coisas assim que nos ajudam a ter uma idéia do que está funcionando e do que não está, e daí ele vai embora, e nós temos a oportunidade de criar música e não ter alguém mandando na gente… Tipo, “peraí, peraí, vamos trabalhar nesse pedaço”.

Mark: Parece para mim, em minha experiência falando com pessoas que trabalharam com o Rick, é tudo só concentrado nas músicas em si. Tipo, todo o resto… Obviamente, ele trabalha com ótimos engenheiros para conseguir ótimos sons, e vocês mesmo já são engenheiros também. É tudo na base do “Essa é uma boa música ou não?”, é assim que basicamente ele trabalha?

Rob: Definitivamente. E também o fato que ele não fica no estúdio o tempo todo, ele vem uma vez por semana, ou uma vez a cada duas semanas. Ele está com o ouvido novo toda vez que ele vem. O que pode acontecer facilmente no estúdio é que você pode trabalhar muito em alguma coisa. Você trabalha muito naquilo, e você perde toda a perspectiva. E você segue esse caminho, e então.. Eu sei que para mim, quando eu trabalho muito em alguma coisa, eu quero que seja bom, porque umas duas semanas trabalhando naquilo. E há vezes em que fazemos isso, e ele vem e disse “Não estou achando muito bom”.

Chester: Há algumas músicas que trabalhamos, trabalhamos, e trabalhamos, e nós chegamos a esse ponto de nos enganar e acreditamos que está bom. Quando nós não sabemos como temperar um frango. [risos] E nos convencer que temos algo especial, quando nós desperdiçamos esse tempo todo, na verdade.  Eu acho que é aí que nosso relacionamento com o Rick é importante. Nós somos bons engenheiros, na banda, nós sabemos o que queremos fazer e às vezes podemos ficar perdidos. Perdidos na beleza como tudo aquilo soa.

Mark: Vocês sentem muita pressão? Sendo que já são três anos desde o último lançamento, vocês sentiram alguma pressão maior do que o normal desta vez?

Chester: Infelizmente, você sabe como turnês e tal são tão envolvidas no mundo da música, e isso te mantém longe do estúdio por tanto tempo. Sabe… Muitas pessoas não percebem que fazemos várias turnês, nós estivemos na estrada pelos últimos 5-10 anos, e o resto do tempo a gente fica no estúdio, então, não é como se a gente fizesse um álbum e depois fosse passar o tempo por 3 anos. Tipo, ficar tomando umas margaritas ao redor da piscina, rir da vida e tal. Nós trabalhamos muito, então, eu acho que o que é desafiador pra gente, e de onde a pressão está vindo agora, é descobrir um jeito de fazer mais álbuns, mais freqüentemente, e ainda poder tocar todos os shows a gente quiser.

Mark: De fato parece um álbum em si, e não só uma coletânea de músicas. Eu gosto muito de como a primeira faixa é meio que uma pré-introdução, e depois volta de novo, obviamente. Está em The Catalyst, certo?

Chester: Sim, sim.

Mark: Eu achei isso bem legal e eu achei o segmento muito bem feito.

Chester: É, é. É definitivamente um álbum que… Na verdade, eu recomendei que lançássemos como uma só faixa.

Mark: Aposto que a gravadora adoraria isso.

Chester: A gravadora e o rádio iriam pensar tipo, “Ok… Certo”.

Rob: “Você esqueceu de ser sensato”.

Chester: Uma faixa de 48 minutos… Nós temos uma opção para isso, as pessoas podem fazer isso. Mas de fato é, de fato é um álbum que você coloca os fones de ouvidos e você deixa o álbum te levar numa viagem. Essa era definitivamente uma intenção que tínhamos o tempo todo.

Mark: Falando de conceitos. O que é isso na capa do álbum? O que é exatamente é isso? É tipo, o Rorshac? É ruim que toda vez que olho pra isso, só consigo pensar no monstro que mora no meu armário?

Chester: Na verdade, é exatamente isso que ele é.

Mark: Incrível. Muito obrigado. O álbum é ótimo. Obrigado por virem ao programa.

Chester e Rob: Obrigado.

Mark: O “A Thousand Suns” do Linkin Park está a venda, obrigado por assistir.

Para assistir a entrevista na integra veja o vídeo logo abaixo: