RECORDING ARTISTS, NOT PERFORMERS

Mike Shinoda fez um post sobre a realidade da situação atual de alguns artistas iniciantes:

Eu estava jantando com um amigo meu chamado Mark, e acabamos conversando sobre o tema de ver “novas” bandas tocar shows. Mark tinha ido recentemente ao Coachella, e estava me contando sobre os seus shows favoritos e alguns que ele não gostou. Ele perguntou em porque alguns grupos parecem ser tão bons no estúdio mas o seu show ao vivo não parece ser tão bom assim. Um pensamento ocorreu em mim/nós, em algum lugar na conversa, e eu vou colocá-la para discussão:

Hoje em dia, há um superávit histórico de “artistas de gravação” e um déficit de “performistas”. E provavelmente a culpa é da tecnologia.

Trinta anos atrás, se você queria ser um músico profissional, você poderia começar a economizar para comprar um instrumento. Você poderia comprar e começar a aprender sozinho. Em seguida, você provavelmente teria aulas e praticar, praticar, praticar. Você iria se reunir com outros músicos, na casa de alguém, fazer uma jam músicas de outras pessoas, e talvez, eventualmente, escrever as suas próprias músicas. Então você trabalha a sua maneira de tocar ao vivo. Você pode começar por tocar covers e depois começar a tocar o seu próprio material. Assim que essa fase passar, você construirá uma base de fãs, que divulgariam as suas músicas. Eventualmente, um representante de uma gravadora poderia encontrá-lo e assinar um contrato e, finalmente, você seria capaz de fazer uma gravação “profissional” de sua música. No meio desse tempo, você já teria registrado milhares de horas tocando juntos. E a gravação do seu álbum seria baseada em captar a essência do que você realmente toca: a magia que todo mundo ouviu quando os viram tocar ao vivo.

Hoje, a maioria das pessoas pulam diretamente para a gravação. As ferramentas para fazer uma grande gravação são tão baratas e até mesmo de graça: como o GarageBand em um Mac, ou as surpreendentes comunidades online, como o BOJAM, em que quase qualquer um pode ter acesso às ferramentas necessárias para fazer uma gravação de qualidade. Não há um problema ou um maior obstáculo entre um músico amador e seu interesse em aprender a compor, gravar, fazer a engenharia e a mixagem. Assim sendo, há toda uma nova geração de artistas que se tornaram muito bom nessas coisas. Eles passam centenas de horas compondo e gravando. Desde o começo, eles foram aprimorando as suas habilidades, compondo diddies pops e hinos alternativos em seus laptops, em qualquer lugar e quando quiserem. Eles colocaram as músicas on-line… e, ocasionalmente, uma música começa a fazer sucesso de uma forma viral.

Mas e depois?

Digamos que a música se torna popular, então assinam com uma gravadora ou uma gravadora independente, mas a pirataria garante que o mp3 não irá fazer bastante dinheiro online. E o grupo precisa fazer algum dinheiro para pagar o aluguel, comprar equipamento, construir a banda. Então eles começam a planejar a sua “turnê”. Mas eles não têm muita experiência tocando ao vivo. Eles são realmente bons com seus instrumentos, mas eles não podem fazer a mesma coisa acontecer no palco. O álbum tem dezenas de camadas de sons em cada música e eles só têm quatro membros na banda. O baterista não pode acompanhar com uma bateria com o padrão única popular, porque era uma bateria eletrônica na gravação original. E a voz do vocalista soa terrível, sem o Auto Tune.

Um dos lugares onde um “ouvinte” se torna um “fã”, é no show, e se você não pode agradá-lo lá, você o perde. No caso do Coachella, houve algumas bandas que tinha tudo. Alguns soaram muito bem, porque soaram como o álbum, e alguns soaram bem também, porque soava diferente do álbum. Havia bandas de rock baseadas na experiência de tocarem juntos, e grupos com a base eletrônica, que trouxe a energia de sua gravação para o palco. Mas no meio disso tudo e, em geral, mais e mais frequentemente, o mundo está vendo álbuns de artistas com uma incrível sonoridade e com incríveis músicas mas não fornece um momento mágico quando você os vê tocar em um show.

A minha própria banda teve que lidar com esses mesmos problemas, de uma forma ou de outra, no passado. Nós crescemos gravando no computador, em uma epoca em que o software de gravação tornou-se acessível para amadores. Quando nos encontramos com um executivo de uma gravadora pela primeira vez, nunca tínhamos tocado um show. Naquele momento, percebemos que precisávamos começar a tocar ao vivo e praticar as nossas músicas novas, então nós poderíamos eventualmente levá-las no palco. Foram anos antes de alguém ouvir falar algo sobre o Linkin Park. Nós tivemos a sorte o suficiente de passar pelos nossos piores erros enquanto ainda éramos uma banda iniciante, sem gravadora, sem um milhão de pessoas chegando ao nosso primeiro show para comprovar a nossa qualidade, e quando a “In The End” atingiu o mainstream, provavelmente tinhámos tocado uns 150-200 shows e já tinhamos trabalhado bastante juntos.

Eu, definitivamente, não estou dizendo que ser um mestre nas gravações não é uma vantagem. Eu só estou dizendo que é um jogo com muita concorrência, devido à facilidade de acesso.

Se você quer se destacar, o desempenho é fundamental. Afinal, se você dominar isso, você pode contratar alguém para gravar você.