Review da Kerrang sobre ATS

A revista britânica Kerrang publicou em sua edição mais recente uma review sobre o A Thousand Suns, que recebeu a nota 4 (de um máximo de 5).

O jornalista foi bastante favorável ao disco e a matéria termina com três perguntas da revista respondidas por Mike Shinoda.

Linkin Park mistura barulho e mensagem em seu notável quarto disco.

Que diferença uma década faz. Dez anos atrás, as músicas do Linkin Park era muito mais “eu eu eu” do que “do re mi”, com notas de auto-obsessão que não eram mais profundas que o nariz do vocalista Chester Bennington. Três mil dias estranhos mais tarde o sinal é de que essa banda sempre inovadora
não reflete a si mesma no espelho, mas sim o mundo inteiro, já que de um modo geral A Thousand Suns é um disco político. Uma transformação, com certeza, mas a chave para fazer músicas políticas que lotam estádios é certificar-se de não parecer que a música sai da boca de milionários. Esse é um truque que  bandas como Green Day entendem instintivamente, e que o Linkin Park levou um tempo para chegar aqui e aprender.

Para começar, não há como não dizer que o disco foi bem planejado. Mesmo antes da banda aparecer, uma voz feminina pede que Deus “nos salve quando queimarmos no fogo de mil sóis, pelo pecado de nossos pais, pelo pecado na nossa juventude” na música de abertura The Requiem. Os 47 minutos que se seguem mostram um punhado de estilos que nunca fogem do alcance da banda. Se você gosta de baladas vai curtir Iridescent, se preferir hip-hop experimental pode tentar When They Come For Me. Em outro momento, fragmentos de sons misturados com discursos políticos costuram as músicas umas nas outras. Junte tudo isso e terá algo tão textural quanto inventivo.

Sendo este um disco do Linkin Park, a ingenuidade sonora e a magia auditiva são incríveis,  fazendo de A Thousand Suns um empreendimento de primeira classe. São músicas que foram construídas e não apenas escritas. O efeito geral é um disco que é como uma maré que sobe e desce, mas que nunca para. As comparações mais próximas seriam com o clássico Fear of a Black Planet, do Public Enemy, de 1990, um débito reconhecido em Wretches and Kings – uma das únicas músicas com guitarra -, uma referência a Fight The Power do Public Enemy.  Levando em conta a variedade e profundidade dos sons oferecidos aqui, A Thousand Suns termina com uma carta aberta:  um violão apresenta The Messenger, e Chester Bennington canta uma música sobre solidão e isolamento. Mãos menos experientes a fariam enjoada e confusa, mas aqui prova que o Linkin Park é uma banda que não tem medo de soar crua.

Da banda boa que eles eram para a banda bem preparada que se tornaram, o quarto disco do Linkin Park escreve um curso notável. É, na verdade, nada menos do que o som de sua teoria híbrida chegando a uma conclusão lógica.
OUÇA: Iridescent, When They Come For Me
PARA FÃS DE: Nine Inch Nails e Public Enemy.
Por Jan Winwood.

Três músicas matadoras do catálogo do Linkin Park
Crawling (Hybrid Theory, 2000)
One Step Closer (Hybrid Theory, 2000)
Braking the Habit (Meteora, 2003)

Contos direto do estúdio…

K: Fazer um disco tão eletrônico sempre foi parte do plano?
Mike: “As pessoas tem essa concepção errada de que quando fazemos uma música tentamos procurar uma inspiração ou imitar alguma coisa que ouvidos antes. Na verdade tentamos não nos acostumar com o que já fizemos antes. Tipo, se você está fazendo um refrão e quer que ele soe grande, coloca algo grandioso
nele e vai funcionar. Mas para nós isso é chato, fizemos isso milhares de vezes. Queríamos encontrar novas maneiras de fazer novos sons que fossem originais e únicos.”

K: Como você acha que as novas músicas ficarão ao vivo?
Mike: “Estivemos ensaiando para a turnê e tivemos que mudar alguns dos instrumentos e equipamentos porque há muito mais nesse disco do que fizemos antes. As guitarras fazem um papel de apoio, e não o papel principal. Nos shows vai ser muito divertido ver como funciona.”

K: Onde você espera que esse disco chegue?
Mike: “Quando estávamos produzindo o disco, falamos sobre nossa relação com quem promove o disco, como as rádios. Queríamos ter a oportunidade de dar a eles algo desafiador. Queríamos dar às rádios a oportunidade de tocar algo diferente.”

things aren't the way they were before; you wouldn't even recognize me anymore.