Para o vocalista do Linkin Park, ajuda ao Japão é pessoal

Mike Shinoda deu uma entrevista para a CNN falando sobre o Japão e sua experiência pessoal com o desastre, Music for Relief, Issho Ni, a influência da internet e muito mais. Abaixo segue a tradução da entrevista na íntegra:

Mike Shinoda viu imagens da devastação no Japão e sabia que ele tinha que fazer alguma coisa.

O co-líder do Linkin Park imediatamente foi até o Twitter e perguntou aos fãs para darem idéias para uma camiseta para ajudar as vítimas do terremoto de escala 9.0 e tsunami que tirou a vida de mais de 11.000 pessoas com mais 17.000 desaparecidas.

Alguém sugeriu um origami crane*. Shinoda, graduado em Artes pelo Center College of Design em Pasadena, Califórnia, pensou que uma borboleta de origami seria mais apropriado. “Esse é mais um símbolo de renascimento — sabe, a lagarta se transforma em uma borboleta,” ele disse.

A camiseta com a borboleta preta e branca e uma segunda camiseta com as palavras “Not Alone” brasonadas na parte da frente estão disponíveis no site do grupo, Music For Relief (musicforrelief.org), com todo o rendimento enviado para ajudar o Save the Children’s do Japão.

Há também a iniciativa do Download to Donate, onde fãs podem doar um mínimo de 10 dólares para acessar um álbum digital contendo faixas inéditas por um número crescente de artistas – incluindo R.E.M., Angels & Airwaves, Sara Bareilles, The Ting Tings, Talib Kweli e Slash. A última faixa é um instrumental feito pelo Linkin Park inspirado pelo tsunami chamado “Issho Ni”.

“Music for Relief não é Linkin Park for Relief,” diz Shinoda. “Neste momento, nós temos pessoas no Board of Musice for Relief da MTV, Fuse, e outras bandas. Nós esperamos que outros artistas irão se sentir bem vindos à se juntar a nós e contribuir de alguma forma.”

Linkin Park fundou Music for Relief em 2005 após o tsunami no oceano Índico que causou destruição em massa e a perda de vidas desde Sri Lanka até a Indonésia.

“Nós tínhamos acabado de passar pelo sudeste da Ásia, e quando nós chegamos em casa, nós vimos as imagens da devastação no noticiário — e estava acontecendo em locais que tínhamos acabado de visitar,” disse Shinoda. “Eu acho que antes de tudo, nós tendemos a nos envolver em causas que estão próximos aos nossos corações.”

Desde então, Music for Relief levantou mais de 3.9 milhões para as vítimas de desastres naturais ao redor do mundo, incluindo o furacão Katrina, incêndios florestais no sul da Califórnia e Austrália e inundações no Paquistão. Shinoda diz que o programa Download to Donate para o Haiti levantou mais de 270.000 dólares.

CNN conversou com Shinoda na sede do Music for Relief em Beverly Hills, Califórnia.

Michael Kenji Shinoda é metade Japonês, metade Americano. Seus avós paternos foram arrancados de suas casas e enviados para um campo de internamento durante a Segunda Guerra Mundial com seus 12 filhos.

CNN: Você tem amigos ou familiares que foram afetados pelo terremoto e tsunami no Japão?

Mike Shinoda: Eu tenho vários amigos que estão lá fora, especialmente o pessoal da nossa marca no Japão. Eu imediatamente entrei em contato com nosso gerente de produção, e ele me ajudou a mandar e-mails e investigar como todos estavam por lá. Felizmente para nós, todos nossos amigos foram encontrados.

Mas houveram alguns sustos. A irmã de um de meus melhores amigos estava em Sendai. Demorou mais de uma semana para encontrá-la. Isso foi realmente, muito assustador.

CNN: O desastre te inspirou a escrever música?

Shinoda: Eu escrevi uma música baseada no que eu estava vendo no noticiário sobre o Japão, cuja qual está no Download to Donate. Nós decidimos chamá-la de “Issho Ni.” Basicamente, a tradução literal é, “Nós estamos nisto juntos.” A música não tem letra. Uma vez que eu escrevi a música, eu não sentia como se as palavras fossem torná-la melhor. Não parecia tão universal com palavras. Felizmente, mais de nossos fãs japoneses podem se relacionar e entender aquela música.

CNN: Muitas das músicas do Linkin Park são meio apocalípticas em sentido. Quase lado-a-lado com o pano de fundo aqui.

Shinoda: Nosso DJ, Joe Hahn, já dirigiu muitos de nossos vídeos. Eu acho que no ultimo video, eu brinquei com ele, “Podemos parar de fazer vídeos pós-apocalípticos ou apocalípticos depois deste aqui? Podemos dar uma pausa?”

Eu acho que nós podemos procurer o Joe por respostas sobre porque essa imagem continua a aparecer. Eu sei que encaixa com a natureza conceitual do nosso novo album, “A Thousand Suns”, e isso é somente coisas que estão em nossa mente, coletivamente.

Muito deste album foi escrito de um modo bem solto, meio que subconsiente. Era como a escrita equivalente ao que você escreve quando você senta para falar ao telefone e começa a rabiscar em um bloquinho. É tipo um fluxo de consiência.

CNN: Talvez isso seja o tipo de coisa que essa geração pensa. O mundo se tornou um lugar muito dramatic, em termos de climas extremos e desastres naturais.

Shinoda: Nos últimos dois álbuns, “Minutes to Midnight” e “A Thousand Suns,” nós nos tornamos muito concientes em relação ao nosso lugar neste planeta, nossa influência neste planeta – não digo nossa banda, mas nossa influência como seres humanos nos lugares onde vivemos.

Isso é parcialmente uma função de envelhecer. É parcialmente uma função de nós viajarmos tanto, e sair em turnê em tantos lugares diferentes. Quero dizer, só para te dar uma idéia, em um ponto neste ciclo recente do álbum, para cada um álbum que vendemos nos Estados Unidos, eu acho que estávamos vendendo seis, sete ou oito fora daqui.

CNN: Porque sua base de fãs é tão vasta online, você pode mobilizar muito rápido.

Shinoda: Essa geração está bem sintonizada ao que está acontecendo em nosso mundo online. Nós realmente vimos isso com o Haiti. Nós vimos uma nova forma de simples caminhos para contribuir como as campanhas ‘envie-uma-mensagem’ para doar. Nós fizemos nosso próprio caminho com Music for Relief para Haiti. Nós temos outro agora para o Japão. Basicamente, você envia uma mensagem “MFR” para 85944 para fazer uma doação de 10 dólares usando seu celular. Há tanta coisa acontecendo na vida das pessoas que eles querem fazer de forma fácil e rápida.

100% das doações para o Music for Relief vão diretamente para o Japão, e nosso parceiro, Save the Children. 100% — eu acho que é um número bom.

CNN: Vocês tem planos para turnê no Japão?

Shinoda: Nós iremos em turnê para o Japão no final do ano. Será um processo em andamento. Nós veremos o que podemos fazer enquanto estivermos lá para ajudar.

CNN: Os caras do Linkin Park sempre tiveram esse tipo de consiência, ou é algo que surgiu conforme a banda se tornou mais bem sucedida?

Shinoda:
Eu acho que com o sucesso da banda veio o interesse por caridade. Nós fomos tão abençoados, e nós queríamos compartilhar isso com outras pessoas. Music for Relief é uma organização que provém ajuda para aqueles que são vítimas de um desastre.

Mas nós não queremos só brincar de colocar ordem. Nós também temos esforços em andamento voltados para a mitigação dos efeitos da mudança climática, por exemplo. Plantando árvores. Nós damos um dólar de cada bilhete dos shows para o Music for Relief para esses esforços. Eu acho que até o final desta turnê, nós teremos um milhão de árvores plantadas. Este é uma das causas onde nossos corações estão, e nós somos sortudos em estar na posição de fazer algo assim.

* Os japoneses acreditam que a pessoa que faz 1.000 origami crane terá seu maior desejo realizado.