Por que vocês não se importam comigo?

Mike Shinoda postou em seu blog um texto sobre os fãs, e uma questão que cria muitas desavenças na internet mundo a fora: ser ou não ser um fã de ‘primeira classe’. Abaixo segue o texto traduzido, para ver o original clique aqui.

Algumas semanas atrás, a seguinte mensagem no Twitter chamou minha atenção:

“Usuários do LPU são ‘primeira classe’ porque eles pagam, os outros fãs não são nada para vocês porque nós não pagamos, huh? P*** DA VIDA! @linkinpark @m_shinoda”

Rápida recapitulação: LPU é o fã clube do Linkin Park. Custa 60 dólares para uma inscrição de um ano. Os detalhes do que você ganha estão listados aqui. Eu presumo que a parte de “fãs de primeira classe” foi em referência a um comentário que a banda fez em algum momento. Essa pessoa parece estar (10 de 10) chateada. 

Às vezes é difícil ler as intenções emocionais em um blog escrito, então serei bem claro, eu não estou nervoso, nem estou na defensiva enquanto escrevo isso. Estou calmamente sentado em um quarto de hotel durante a turnê, com uma xícara de café e algumas torradas. E esse tweet me fez pensar em algo que é mario do que a questão “quem é o melhor fã”.

Então, vamos responder este tweet!

Qual fã é o mais importante? É aquele que compra mais coisas? Aquele que apoia sua idéia com mais barulho? O que se importa mais profundamente do que o resto? O que tem sido leal mais tempo? E especificamente online, porque no mundo as pessoas parecem lugar sobre este assunto tão fortemente?

Um fã clube pode, simultâneamente, ser um assunto unificador e distintamente divisor: enquanto oferece uma comunidade incrível e oportunidades maravilhosas, também separa as pessoas em “membros” vs. “não-membros.” Para começar, um fã clube é uma opção… a não se que você esteja na banda (há!).

Para mim, optar por um clube significa que eu escolho aquele clube como importante para mim (pelo menos, importante o suficiente para gastar meu tempo e dinheiro). Por outro lado, optar por não se inscrever significa que eu não tenho o direito de exigir os mesmos benefícios como membro. As pessoas que se inscrevem estão pagando pelos produtos e serviços. Essas coisas custam dinheiro para serem criadas, logo o clube tem um custo.

(Falando sobre custo, o argumento do “dinheiro” é sempre o favorito. Alguns tentarão cobrar argumentando que uma organização como o LPU dá tratamento preferencial aos fãs porque a banda “se importa mais com as pessoas que lhes dão dinheiro”. Para nós, isso é um argumento minguado e infundado. Nós não ganhanmos dinheiro com o LPU. Cada dólar gastado com o LPU vai diretamente de volta para a organização. Caso encerrado.)

“Primeira classe” implica em você dar o extra para receber extra. Nós chamamos o LPU de “círculo interno” porque permite maior proximidade com a banda (nossas convenções “Summit” e vídeo conferências, por exemplo). Os não-membros do LPU pode ter esse tipo de experiência? Sim: se Chester cruzar com um fã na rua, por exemplo, ele pode dar um autógrafo e tirar uma foto. Mas o LPU é uma organização que ajuda essas experiências acontecerem para você, então você terá uma probabilidade maior (talvez de 10.000 para 100.000 vezes maior) de isso acontecer.

“O que seja, eu não tenho dinheiro para ser um membro. Esse fã clube é uma m***!”

No mundo, às vezes nós esquecemos que há um constante dar e receber entre “o que você dá” em troca do que “o que você recebe.” Em uma loja de roupas, você pode dar dinheiro para conseguir algo para vestir. No jardim, você pode dar tempo e carinho para conseguir comida. Em uma relação, você pode dar amor e compromisso para ter um parceiro carinhoso. Se um lado não fornecer sua parte, a coisa toda se desintegra (ou, em um dos casos, alguém é preso por roubo).

E ainda assim, algumas pessoas querem receber sem dar. Olhe a internet, você pensaria que é um grupo grande. Mas não é. Nem de perto. Por exemplo: das 31 milhões de pessoas que seguem o Linkin Park no Facebook, cerca de três décimos de milésimo (0,0003%) delas são membros do LPU. E apenas uma fração deste pequeno número realmente participa desta conversa.

Mas de alguma forma, nos comentários e resenhas online, esse pequeno grupo consegue fazer com que seja um grande debate. Como isso funciona?

Eu fui informado pela administração que nosso ultimo álbum “A Thousand Suns” foi o 2º álbum de rock mais vendido do mundo no ano passado (parabéns ao Mumford and Sons, que foram os 1º!). Mas se você for nas reviews do iTunes do “A Thousand Suns”, você não iria adivinhar: o álbum tem 3 estrelas de 5, e muitos comentários negativos. Enquanto isso, fãs satisfeitos do Linkin Park continuam a comprar o álbum. Eles animam a banda nos shows, “curtem” no Facebook, e nos apóiam de inúmeras formas. Mas não em resenhas. Por que?

Estudos como este, realizados pela universidade de tecnologia de Warsaw, descobriu que pessoas estão mais inclinadas a comentar online se eles tiverem sentimentos negativos sobre alguma coisa. Pessoas satisfeitas não irão comentar, pessoas descontentes irão reclamar. E é provável que essa linha negativa aumente mais e mais se o assunto for: a) opinião baseada em, b) conteúdo emocional, e/ou c) tem um grande número de seguidores. (Para nós: check, check, check…) Além disso, adicionando a separação pelo monitor do computador, as pessoas sentem encorajadas a falar livremente e por vezes de forma exagerada.

Eu não estou descartando a minoria vocal. Claramente, opiniões podem ser úteis e ajudar: comentários produtivos nos ajudaram a construir um ótimo www.linkinpark.com e o próprio LP Underground. Se não acreditássemos nas opiniões de poucos, nós não teríamos postado essa enquete semana passada.

E ao mesmo tempo, nós lembramos que manifestantes fazem mais barulho do que qualquer um. Quando nós vemos comentários negativos e más resenhas, é fácil pensar que “muitas pessoas” pensam igual, porque os críticos são algumas vezes os únicos falando.

Neste texto, Theodore Dalrymple escreve: “O hábito de não conter sua raiva é susceptível a lhe conduzir a irritar-se facilmente. E, como quase todo mundo sabe quem se deu ao trabalho de se auto examinar, há uma grande dose de prazer na raiva, especialmente quando supõe-se estar em uma causa justa.” Ódio gera ódio.  Estar com raiva pode ser bom, especialmente quando você pensa que está certo.

E conforme as pessoas escrevem mais comentários negativos, elas se sentem mais negativas, com mais frequência. Assustador.

Eu usei o termo “super fã” aqui no meu blog. Quando eu uso, eu penso em incluir membros do LPU e aqueles que decidiram que LPU não é para eles- Eu estou me referindo a qualquer um que se considera um grande fã da banda. Eu uso essa distinção para mostrar que as pessoas que estou falando são aquelas dispostas a por um trabalho extra de uma forma ou de outra.

E em termos mais gerais, quando eu falo sobre os fãs do Linkin Park, eu incluo todo mundo, se você possui tudo o que nossa banda lançou, vir a 100 shows, ou se você nunca gastou um dólar, e você gosta somente de uma música. Em outras palavras, se você acha que você é um fã, então você é um fã.

Se você leu este post e pensou, “Eu não quero mais me sentir negativo, com frequencia,” eu admiro e elogio você.

Para o resto: o debate pode continuar abaixo.