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[Entrevista para a Big Cheese – Parte II]

Confira agora a segunda (e última) parte da entrevista da banda para a revista Big Cheese:

Visto que o vocalista Mike Shinoda sempre foi parte integrante do som do Linkin Park, ouvintes casuais podem muito bem serem surpreendidos pela relativa falta de rap no ‘Minutes To Midnight’. No entanto, ele não “se escreveu fora do disco”, como explica Chester:

“Mike canta muitas harmonias nesse album, em cerca de 70% das músicas, e eu acho que a razão pela qual vocês não tenham notado é que as pessoas não o vêem como um cantor – elas o imaginam como um rapper. Mas se você assistir nossos shows, muitas vezes você vai ver nós cantando juntos, e você pode me ver fazendo rap de vez em quando também. É apenas a forma como fomos sempre, dois vocalistas, duas vozes – mas esses dias estamos usando nossas vozes de diferentes maneiras. E isso não foi um esforço consciente para se fazer, nós apenas gostamos de como soou no estúdio”.

Há também um forte contraste nas letras do ‘Minutes To Midnigt’ com as dos dois outros albums; aparentemente a banda se afastou das letras cheias de angústia de dias passados.

Chester: “Bom, estamos todos mais velhos, então nós vemos as coisas muito diferente do que víamos a oito ou nove anos atrás. Naquela época, se algo me irritava, a minha reação seria diferente do que seria hoje!”

“Veja ‘One Step Closer’; isso é tudo o que você precisa saber!” Rob cortou, fazendo com que todos rissem.

Chester: “Sim, eu estava tão frustrado no momento da gravação de ‘One step Closer’ que esse foi o resultado – apenas como ‘Everithing you say to me – it’s all bullshit’ (‘tudo o que você me diz – é tudo papo furado’), porque isso é quão imaturo eu era. Considerando agora, o vocal mais pesado que eu fiz até agora é ‘Given Up’ (do novo album), e esse não é o mesmo tipo de raiva. Isso sou eu eficazmente dizendo que não posso suportar, e que eu me culpo por isso – que eu sou a razão por as coisas estarem dando errado – e essa é uma mensagem totalmente diferente de ‘Shut up when i’m talking to you!’ (‘cale a boca quando eu falo com você’). medo e raiva são a mesma coisa, mas nós estamos as expressando de formas diferentes”.

A grande surpesa no ‘Minutes To Midnight’ é com certeza ‘Hands Held High’; um hip-hop aberto influenciado pela remanescente projeto paralelo de Mike Shinoda, o Fort Minor. Caracterizando a letra inspirada pela atual situação política do Oriente Médio, e um quase-hino como órgão sólido de fundo, isso é o mais próximo que o Linkin Park já fez de um comentário social.

Chester: “Isso é realmente mais que uma observação – de como essa guerra tem afetado as pessoas de todos os lados. Nós não estamos dizendo a ninguém o que pensar, nós não estamos dizendo a ninguém o que a nossa agenda política é ou de que lado ficar, nós estamos apenas falando do que estamos vendo. E isso é uma coisa muito difícil de se fazer quando você está lidando com a política. Algumas bandas lá fora lidam realmente bem com política, e eu amo o que eles estão fazendo, mas há outras bandas que apenas estão dizendo o que você tem que pensar – o que realmente me incomoda. Eles vão te dizer o que você está fazendo errado, e aquilo que eles acham que está errado com o mundo, mas eles não estão fazendo nada para mudar a si mesmos”.

“Então em ‘Hands Held High’ nós focamos no nosso ponto de vista sem uma agenda política; nós queríamos apenas mostrar o aspecto humano, de um ponto de vista pessoal. Em todas as músicas que escrevemos, estamos apenas colocando nossos sentimentos e visões pessoais – nós deixamos isso para que quem estiver ouvindo tenha qualquer entendimento que quiser das nossas letras”.

Tendências musicais vêm e vão, e no tempo em que o Linkin Park esteve parado, o emo se tornou o som mais popular nas rodas de rock alternativo. Vocês perdoaram a banda por ficarem um pouco apreensivos quanto ao seu retorno à cena, mas eles particularmente não parecem estar incomodados.

Chester: “Nós realmente não pensamos sobre isso, porque ficamos muito focados em fazer o álbum. Nós reparamos se a música era boa, então as pessoas gostariam disso, sabe? Musicalmente, nós realmente nunca desejamos nos encaixar em uma coisa em particular – nós sempre quisemos deixar as pessoas adivinhando, e acho que isso é o melhor pelo que vamos ficar conhecidos por toda a nossa carreira; por misturar as coisas de uma forma que as pessoas não esperam”.

“Os gostos das pessoas mudam, e as pessoas que ouvem nossa música têm mudado também – as crianças que tinham apenas 5 anos no ‘Hybrid Theory’ agora são adolescentes! Então provavelmente o ‘Hybrid Theory’ não é ruim para eles, mas eles vão gostar do novo álbum. Isso é como, quando meu irmão mais velho estava no colegial, ele estava ouvindo Foreigner e Rush – mas quando eu cheguei no colegial, eu estava ouvindo Alice In Chains e Stone Temple Pilots. Esse é apenas o jeito que a música progride”.

Então como vocês se sentiriam se o ‘Minutes To Midnight’ fosse um relativo fracasso de vendas? Você poderiam ainda colocar isso de um ponto de vista artístico?

Chester: “Eu acho que sim… Quer dizer, nós meio que nos preparamos para isso, porque nós estamos dando um grande passo longe do que as pessoas esperam do nosso som. Mas nós colocamos tanta energia e tempo nesse álbum; nós todos amamos cada música nele, e eu realmente acho que essa é a obra de arte da banda. Então se ele não for tão bem, se ele cair, então eu acho que ficaremos perturbados com isso – principalmente porque tivemos que reavaliar totalmente o que nós fizemos, e isso poderia ser devastador porque nós todos estamos excitados com o que estamos fazendo agora”.

Rob: “Estamos fazendo a mesma coisa que sempre fizemos, que é fazer músicas que nós apreciamos e amamos, então eu acho que porque estamos sendo honestos e verdadeiros com nós mesmos, nosso fãs vão gostar desse álbum. Toda a indústria da música está mudando, de todo jeito; recordes de vendas não são o que costumavam ser, então nós tentamos não focar muito nisso. Enquanto nossos fãs gostarem da nossa músicas e nós pudermos fazer shows para eles, estaremos felizes com isso”.

Não há dúvidas que este acordo satisfaria perfeitamente seus fãs, mas o Linkin Park indiscutivelmente ganhou mais críticos ao longo dos anos; aparentemente tendo se tornado o tipo de banda que as pessoas adoram odiar. Logo após o lançamento do ‘Hybrid Theory’, boatos foram espelhados que a banda tinha sido fabricada, e que supostamente usava playback em seus shows. A banda admite que esses boatos foram perturbadores na época, mas que não tinham levado a sério.

Rob: “Bom, quando as pessoas estavam dizendo que a banda tinha sido fabricada, nós meio que tomamos isso como um elogio, porque nós sentimos que tínhamos feito um grande trabalho fazendo o álbum juntos e então fomos fazer shows. Foi como se as pessoas não acreditassem que um bando de garotos nos seus primeiros vinte anos poderiam fazer tudo sozinhos, então elas pensaram que não poderia ser real – que tínhamos que ser fabricados”.

Chester: “Mas se você pensa que nós não somos reais, então você deveria nos ver tocando ao vivo, porque é onde você realmente pega a essência da banda – mesmo que a gente erre uma nota aqui e ali! Eu me lembro de ler comentários de outras bandas, dizendo coisas como ‘Nós temos pena de bandas como o Linkin Park, porque eles nunca saberão o que é tocar ao vivo, porque eles tocam com apoio de músicas gravadas’. Bom, um: vão se f****, porque vocês não nos conhecem – e dois: porque vocês não focam em falar de suas próprias bandas nas entrevistas?”

“Então eu pensei em um desafio para esse bandas: porque nós não aprendemos as músicas deles, eles aprendem as nossas, e nós vamos fazer um show – e deixamos os fãs decidirem? (risos) Porque eu garanto que eles não seriam capazes de fazer o que nós fazemos, e os fãs perceberiam isso também. Então sim, era meio que frustrante ouvir coisas desse tipo, mas hoje nós apenas vemos isso como um elogio por as pessoas acharem que estávamos tocando bem com um monte de fitas”.

A Inglaterra terá sua primeira amostra do ‘Minutes To Midnight’ quando o Linkin Park voltar para lá – pela primeira vez em três anos – para liderar a noite de sábado do Download Festival no começo de junho (de 2007). A banda está aguardando isso ansiosamente, não menos importante, porque a popularidade e a recepção são sempre apreciadas na Inglaterra.

Chester: “Quando nós lideramos o Download festival em 2004, eu me lembro de ter pensado no nosso primeiro show na Inglaterra (no King’s College, em Londres, final de 2000) – apenas esse pequeno show gratuito, com um palco pequeno – e percebi quão longe nós tínhamos ido, de fazer um pequeno show a liderar um festival com todas aquelas grandes bandas. Mas, festivais europeus são melhores que festivais nos Estados Unidos, e embora hajam alguns festivais nos Estados Unidos que estão ganhando uma boa reputação, nós aprendemos muito mais com os festivais europeus quando se trata de tocar um grande set e fazer um grande show”.

“Foi uma verdadeira honra quando percebi que tínhamos conquistado tantas pessoas. E isso é uma experiência realmente humilde também, porque você sabe que todos estão ali porque todo mundo veio para ver você – e quanto mais você manter isso em mente, eu acho que você vai gostar mais disso, e seus fãs vão gostar mais disso, e eles vão continuar voltando”.

Os planos estão trabalhando também para a banda visitar lugares que nunca tocou antes, uma experiência que Chester parece apreciar.

“Sim, nós realmente estaremos prontos para fazer isso na nossa primeira turnê; iremos à Russia pela primeira vez, para tocar em St. Petersburg e Moscow. Eu acho que será fantástico, porque parece que nós realmente temos muitos fãs lá, e não são muitas bandas que vão tocar lá – então eu acho que será uma experiência semelhante de quando fomos à Malásia e à Tailândia. Está muito mais fácil para as bandas tocarem lá do que era, digamos, 15 anos atrás, e as crianças lá estão realmente esperando música ao vivo, portanto isso deverá ser fantástico”.

“Eu realmente espero que outras bandas façam shows em lugares tão remotos como esse, porque nós só tivemos experiências positivas, e isso também abriu nossas mentes para todos os tipos de culturas diferentes”.

Sempre que você pode saudar, se você é um fã do Linkin Park, então não há dúvidas que você ficará satisfeito – e um pouco mais surpreso – quando você ouvir o ‘Minutes To Midnight’. O relógio está rolando.