‘Nós gostamos das músicas antigas’, diz Phoenix

O Phoenix concedeu uma entrevista para a IGN, onde falou sobre o processo de composição do A Thousand Suns, jogos e outras coisas mais. Veja a matéria completa, clicando em Mais.

IGN: Como foi o processo de desenvolvimento do álbum e o trabalho na sonoridade, quais eram seus objetivos? Você tem uma agenda particular criativa ou é algo pessoal?

Dave Farrel: De uma forma mais simples, acho que o objetivo neste álbum foi não repetir nós mesmos. O que queremos dizer com isso, era que quando tivesse sido dito e feito, e quando nós sentamos e ouvimos a história completa, nós ouvimos algo que era diferente do que havíamos feito antes. E isso ainda não era um objetivo concretizado. Era apenas o material que fazíamos no estúdio, sabe? Na primeira vez que você ouvia, você não sabia o que pensar sobre isso, porque era um tipo de música que nunca tínhamos feito antes… mas esse tipo de coisa que era emocionante.

As coisas que nós estávamos trazendo, que soavam como algo que tinha feito no passado… parecia repetição, algo tediante. Nesse processo, acabamos procurando ter novas idéias e estilos que nunca tínhamos trabalhado antes.

IGN: O que é interessante para mim sobre isso é que, ao longo dos anos, eu li entrevistas com vocês… há sempre essa ênfase na mudança. Vocês parecem sempre procurarem isso…

Farrell: Eu acho que quanto a isso… isso é algo realmente divertido, ter um forma criativa para trabalhar. Todos os seis de nós, estão com a mesma ideia, quando se trata de composição. O objetivo não é mudar o som por causa da mudança. O objetivo realmente é surpreender um ao outro, para desafiar uns aos outros, fazer coisas que ninguém tenha ouvido antes. Quando ouço algo que o Mike [Shinoda] traz, que tenha alguns de seus velhos truques, é algo que não é tão excitante para mim, mas para ouvir algo que faça estremecer tudo, tem que ser diferente de tudo que ouvi ele fazer anteriormente.

O processo assim… o que é excitante para nós é sempre o material que é diferente.

IGN: É difícil… vocês tiveram, obviamente, um enorme sucesso ao longo dos anos… é difícil fazer essa mudança sabendo que o que vocês fizeram no passado, é o que fez esse enorme sucesso? Vocês se preocupam com os fãs ficarem alienados, porque vocês estarão sempre mudando? Talvez eles não estejam mais tendo o que estavam esperando?

Farrell: De alguma forma, eu acho que fico preocupado com os fãs sentirem que nós não gostamos mais do que fizemos no passado. E isso não é verdade. Cada álbum que fizemos, foi por aquele momento. Continuamos tocando o material antigo ao vivo e eu ainda amo os álbuns antigos. Mas… no processo criativo, para mim, pessoalmente, uma das razões pelas quais eu amo estar na banda é que eu amo o aspecto criativo que vem quando estamos trabalhando em conjunto em uma música. E foi assim que amei trabalhar no Hybrid Theory também. E eu acho que com esse mesmo espírito – que tívemos trabalhando em uma música – continua até agora. E por isso mesmo, se nós apenas tentarmos continuar a compor o mesmo tipo de música, seria como ficar no mesmo lugar. Desse jeito, você não está participando do processo criativo.

Então eu não tenho medo de que os fãs não gostem, porque eles gostam das coisas velhas. Eu só estou preocupado que os fãs venham pensar que nós não gostamos do que nós estamos deixando para trás intencionalmente. E isso não é verdade.

IGN: Você pode falar um pouco sobre o processo criativo que trabalharam em um álbum como este? Sei que muitos de vocês têm projetos paralelos entre os álbuns. Vocês todos trabalham individualmente nos sons e nas ideias, e depois trazem tudo para juntar? Existe algo em que o Mike trabalha primeiro em pedaços, seguindo um conceito? Como foi todo esse trabalho?

Farrell: Nosso processo de composição é… um desafio descrever. Para qualquer um seria. Para nós, qualquer música pode vir de uma maneira completamente diferente. Em geral, todos nós vamos para o estúdio – todos os seis de nós – pelo menos uma vez por semana. Fora isso, dependendo do que está acontecendo, e o que está sendo trabalhado, cada um de nós entra e sai de lá. E Mike sempre está no estúdio ou em seu estúdio em casa, dependendo de qual estágio estamos, dando orientações e direções. Mike tem sido uma espécie de produtor e agora ele está presente dia a dia. O Rick Rubin, para nós, é como um conselheiro. Ele pode vir uma vez por semana ou uma vez por mês, ouvindo o que produzimos, para nos dizer se o que estamos tentando fazer é a coisa certa, dando essa perspectiva do lado de fora da banda.

IGN: O primeiro single, The Catalyst – é uma boa indicação do que os fãs podem esperar do álbum todo? Se comprar o álbum em uma loja ou online agora… quanto do som de The Catalyst se parece com o resto do álbum? É essa a vibe que vocês estão seguindo nesse tempo criativo?

Farrell: Sim, eu acho que nós escolhemos a The Catalyst, pois essa música faz um bom trabalho em apontar para os fãs, em alguns aspectos, a direção que estamos indo. Algumas das outras músicas… não acho que nenhuma das outras músicas tem realmente um som semelhante a outra, então não é a The Catalyst, que mostra que o álbum é “assim” -, mas a vibe e a estrutura dela, são um bom ponto de referência.

IGN: Uma das marcas do som que vocês tiveram no início, era a ideia de rap/metal. Esse tipo de som ficou em segundo plano no último álbum, de certa forma. É o mesmo caso no novo álbum?

Farrell: Mike faz muito rap neste disco, e ele canta muito bem. Um dos procedimentos que foi diferente neste álbum, era que Mike e Chester fizeram várias composições juntos, tanto para a letra quanto para a melodia. Eles fizeram muito mais juntos desta vez, do que tinham feito no passado. Então eu acho que para os fãs mais presentes, eles serão capazes de dizer quem está cantando em cada parte. Mas há muitos momentos em que muita gente não sabe realmente quando o Mike está cantando e quando o Chester está cantando. Mesmo na The Catalyst – se você ouví-la, os dois têm vocais diferentes, em alguns pontos.

Este é um álbum para ouvir com fones de ouvido, e quando você escutá-lo com fones de ouvido, você começará a ouvir o Mike na frente, mas haverá camadas em que a voz de Chester estará por trás dele – e vice-versa.

IGN: Vocês tiveram alguns projetos relacionados com jogos ultimamente, incluindo o jogo para iPhone/iPad, 8 Bit Rebellion e Medal of Honor. Vocês são grandes jogadores de jogos?

Farrell: Todos nós jogamos em alguns aspectos. Sobre isso, todos nós estamos em diferentes pontos, sobre o quanto nós jogamos. Eu diria que… cinco dos seis de nós, ainda jogam um pouco. Pessoalmente gosto de jogos de tiro em primeira pessoa, estratégia, RPG… acho que jogo um pouco de tudo. Gosto de jogos esportivos também…

IGN: Tem algum jogo favorito, nos últimos anos?

Farrell: Bem, Medal of Honor é uma escolha óbvia…

IGN: (Risos) É claro.

Farrell: Eu joguei um pouco, por um bom tempo. Eu fiquei entusiasmado por poder fazer algo com o jogo. Eu só tive a oportunidade de experimentar a primeira fase do novo jogo, mas era bastante impressionante. Para eles saírem da Segunda Guerra Mundial e irem para o mundo moderno… foi bem legal.

IGN: Há alguma coisa que você gostaria de adicionar sobre o A Thousand Suns?

Farrell: Eu acho que uma das coisas que é diferente sobre o álbum, pelo menos sobre as músicas novas… nós fizemos a composição e a colocamos juntas, com a intenção de que fosse um álbum, no sentido mais antigo da palavra. Foi construído de uma forma que, se as pessoas forem capazes de se sentar-se e ouví-lo do começo ao fim, ao invés de apenas as ouvir as músicas de forma individual, definitivamente isso contribui com a experiência neste álbum. Foi construído para ser de uma forma que, você coloca o seu fone de ouvido e ele te leva para um lugar diferente, por 45 minutos. Assim como quando as coisas eram de vinil, você deixava a agulha no disco e simplesmente deixava tocar.

Então… eu sei que é pedir muito, mas espero que as pessoas, pelo menos, uma vez apenas dêem uma chance, e entrem nesse mundo um pouco. As músicas meio que se unem uma as outras e você terá temas, em diferentes partes, do álbum com esse tipo de interação.

IGN: Isso é interessante porque… parece quase contrariar a tendência desses dias. Esse foi o grande tema de discussão durante a criação do álbum?

Farrell: Sim. E mesmo no começo, acho que o Mike e Chester, falando com a imprensa, cerca de um ano atrás, eles lançaram a ideia de um álbum conceitual. E é engraçado, porque nós estamos começando a nos perguntar muito sobre isso. E não é um álbum conceitual, como é o álbum “Tommy”. Não há uma narrativa ou um personagem central, mas há temas, conceitos e questões que se unem durante todo o processo do álbum. E esse foi um aspecto importante para nós, ao trabalhar no álbum.

Estamos bem conscientes de como as pessoas ouvem música agora, mas também há uma parte das pessoas que não estão olhando como se fosse um álbum tradicional. Mas isso é a melhor coisa, dos dois mundos. Você pode ouvir as faixas individuais, se é isso que você deseja, ou, se você estiver disposto a dar uma chance, existem maneiras de ouvir como um álbum completo.