Nós temos aquele sentimento Linkin

Em Outubro de 2010, Chester Bennington, conversou com o Heraldsun.com.au sobre a vinda do A Thousand Suns, a aproximação dos membros da banda, sua família e seu projeto paralelo Dead By Sunrise. Confira a tradução abaixo:

Se o ‘A Thousand Suns’ era para ser o álbum que finalmente viu Linkin Park cair ao chão, alguém esqueceu de avisar os fãs.

Linkin Park, um dos poucos atos na indústria da música que ainda, confiávelmente, vende álbuns, decidiram seguir seus corações em seu quarto álbum, ao invés de seguir seus saldos bancários ou os desejos de sua gravadora.

Saiu o “padrão verso-refrão-ponte-duplo-refrão-saída” como o cantor da banda Chester Bennington chama – a fórmula que fez o rock sair de uma linha de músicas incluindo One Step Closer, In the End, What I’ve Done e Numb além da última década, desde que seu primeiro álbum Hybrid Theory foi lançado.

Um conceito veio, sons de figuras históricas, intrelúdios musicais, batidas hip hop e repetições eletrônicas onde costumava-se usar guitarras… A crítica pode ter chamado o ‘A Thousand Suns’ de qualquer coisa, “aposta comercial segura” não foi.

“Nós sabíamos que estávamos nos arriscando,” disse Bennington durante um intervalo dos ensaios da turnê que estava por vir.

“Muitas pessoas vão amar, e muitas pessoas vão precisar digerir e superar o que possívelmente fosse suas espectativas, e muitas pessoas vão ficar do tipo, ‘Que p—- é essa? Vocês estão de brincadeira?’

E todas essas reações são totalmente maravilhosas,” ele diz, rindo. “Eu prefiro qualquer uma dessas ao invés de, ‘É, isso é exatamente o que eu imaginava que fariam’. Como, ‘É outro álbum do Linkin Park, eba!’

Mas enquando não era o negócio de sempre gravado, com certeza parecia ser o negócio de sempre uma vez que o álbum foi lançado – A Thousand Suns estreou no 1º lugar em 15 países, incluíndo Austrália e EUA, e ficou no primeiro lugar por quatro semanas seguidas (caindo esta semana para o 4º lugar).

Então, o risco valeu a pena. Mas para Bennington, enquanto era necessário “ter culhões” para chegar lá, Linkin Park mudar a fórmula não foi tão inédito assim.

“Para mim faz todo o sentido. Quero dizer, eu sei que é diferente, mas não é impactante para mim. Foi algo muito natural ir em uma direção que era desafiadora tanto para nós quanto para nossos fãs – ‘porque nós amamos levar as pessoas nessas pequenas viagens que nós estamos.

Nós não queremos reviver os dias de glória, ensaiando músicas e estilos várias e várias vezes, e nossos fãs sabem disso.”

A banda era mais tímida no passado?

“Nós éramos jovens e ninguém nos deu um livro de ‘como fazer’ sobre como fazer álbums de rock bem sucedidos,” diz Bennington.

“Não é como você ser contratado para fazer um trabalho, e qualquer um pode fazê-lo. É por isso que é um trabalho único para ter. Quando nós fizemos o Hybrid Theory nós fizemos música que não tínhamos, necessariamente, ouvido antes.

E com o sucesso daquele álbum, quando nós voltamos ao estúdio, todos queríam que nós tivéssemos outro álbum como aquele, que fosse bem sucedido como aquele. Então nós sentíamos a obrigação de fazer outro álbum como aquele, e nós fizemos.”

“Então quando chegou a hora de fazer o terceiro álbum foi algo como, ‘Olha, nós sabemos que podemos fazer isso todas as vezes, mas é essa a banda que nós queremos para o resto das nossas vidas, ou nós queremos nos pressionar e nos desafiar?’

“Foi quando nós decidimos, e nós nos juntamos.”

Aquele álbum, Minutes to Midnight lançado em 2007, foi altamente considerado como um passo em uma direção diferente. Mas ‘Thousand Suns’ agora faz aquele parecer como passos de bebê.

“Com certeza faz,” ri Bennington. “Este álbum faz o Minutes to Midnight parecer uma jornada inofensiva. Este álbum, nós nos arriscamos. E esperançosamente o próximo álbum irá fazer este parecer um jogo de criança também.”

Se “arriscar” pode não ter impactado muito o apelo comercial da banda, mas teve outro efeito colateral – dentro da mente de Bennington pelo menos, agora Linkin Park tem um futuro longe e rosado.

“Ser capaz de falar sobre fazer um álbum como este que fizemos, e não se desfazer tentando forçar algo, ou argumentar, nós simplesmente nos tornamos mais próximos como uma banda,” diz Bennington.

Ele e seus colegas de banda-viciados-em-estúdio e o co-cantor Mike Shinoda, baixista Phoenix, guitarrista Brad Delson, baterista Rob Bourdon e guru eletrônico Joe Hahn – agora “se comunicam, muito, muito, bem,” diz Bennington.

O que é uma mudança de alguns anos para cá. Os anos antes de 2000 foram os anos de “festejar” para Bennington – anos que o viram abusar de álcool e drogas, a perda de muito dinheiro, o divórcio de sua primeira mulher, e ficar isolado de seus amigos de banda.

Então a aproximação do A Thousand Suns trouxe sensações especiais extras para a figura mais instantâneamente-reconhecível do Linkin Park.

“Isso é bom para mim. Eu aprecio o fato que os outros caras na banda gostam de estar a minha volta,” ele diz, rindo.

“Não que eles não gostassem de estar comigo antes, mas nós vivíamos estilos de vida diferentes. Eu gostava de festejar, e ir me esconder e sair com pessoas que gostavam de beber e usar drogas, e se isso não é algo que você gosta, se você está em uma orgia e você é o cara que não quer fazer sexo com ninguém, você fica tipo, ‘Isso é uma m—‘. Essa é a diferença entre mim e os outros caras em muitas formas.”

Enquanto seu amigos estão compartilhando experiências, Bennington foi guardando seus problemas para si mesmo.

“Havia muitas coisas que eu esconderia, só porque eu estava com medo ou talvez eles estavam com medo de perguntar para mim sobre o assunto…” Ele faz uma pausa. “Eu era bem inacessível em muitas formas, mas definitivamente este não é mais o caso.”

Bennington tirou todo esse negativismo de seu sistema no álbum Out of Ashes, de seu projeto paralelo Dead By Sunrise. Talvez haja um outro álbum dentro dele, mas ele não sabe dizer.

“No momento eu estou na terra do Linkin Park. Eu estou tão entusiasmado por tocar essas músicas para as pessoas, eu quase esqueço que eu fiz um álbum do Dead By Sunrise,” ele ri.

Montando uma longa turnê mundial para Bennington, 34, significa avançar o tempo com sua família – ele tem uma mulher e 5 filhos (quatro legítimos mais uma sobrinha) que sair em turnê frequêntemente os deixa para trás.

Eles não irão acompanhar o pai na Austrália antes do Natal, já que as crianças estarão na escola, onde, como seu pai orgulhoso diz, estão se superando.

“Meu filho mais velho está aprendendo música, é tudo o que ele faz o dia inteiro, todos os dias. Minha sobrinha é uma estudante inteligente e com honras, e está no time de torcida. E meu segundo filho é um jogador de baseball, ele quer jogar basquete, e ele também é um aluno inteligente com honras.”

Ele são gênios, pelo que parece. Não o descendente de um astro do rock’n’roll mediano.

“É, eles são gênios,” ri Bennington, “e eu não faço a mínima idéia do porque.”