Linkin Park constrói um novo caminho

O jornal de Detroit Freep publicou recentemente uma matéria com a banda. Confira:

Linkin Park constrói um novo caminho
Por BRIAN McCOLLUM

Quarto álbum ‘A Thousand Suns’ mistura sons eletrônicos e letras cheias de mensagens

Teria sido fácil para o Linkin Park se acomodar, gerando mais do rock grudento, com textura de hip-hop que por muito tempo esteve no estoque deles.

O sexteto da Califórnia era, afinal de contas, a banda mais lucrativa dos anos 2000, conseguindo mais de 21 milhões de álbuns nos EUA e se tornou peça fixa nas rádios de sucessos com músicas como “What I’ve Done” e “In the End”. Mas para os líderes da banda Mike Shinoda (vocais de rap, guitarra) e Chester Bennington (vocal), voltar ao passado não era uma escolha muito atraente. Então ano passado eles guiaram o Linkin Park a um novo território ambicioso com “A Thousand Suns”, um quarto álbum experimental de muitos conceitos que manteve os debates de fãs rolando por meses.

“Conforme os anos passam, vamos aprendendo coisas novas,” Shinoda disse aos jornalistas em uma teleconferência antes da visita da banda a Joe Louis Arena. “Estamos mudando. Estamos ouvindo músicas diferente. Tocamos instrumentos diferentes, estamos interessados em falar sobre coisas diferente. Então tudo isso se mistura e no fim do dia, a música é construída com base em todas essas coisas.”

A nova direção era aparente desde as primeiras demos de “A Thousand Suns”, um som que Shinoda descreveu como mais solto, mais eletrônico, mais abstrato. A banda usou uma antiga técnica conhecida como “escrita automática”, adaptando as letras de um fluxo de ideias. E com Rick Rubin – que também produziu “Minutes to Midnight” de 2007 – o grupo encontrou um cúmplice receptivo para sua nova aventura sonora.

O álbum resultante foi um eco distante do Linkin Park de uma década atrás, a banda que gerou uma estreia monstruosa na forma de “Hybrid Theory”- toda a ira adolescente, guitarras berrando nu-metal e alternando vocais de rap.

O caleidoscópico “A Thousand Suns” revela uma banda em transição: papéis estão mudando, sons se transformando. As letras se tornaram mais políticas. Guitarras deram espaço para pianos, sintetizadores e barulhos processados. A música acústica “The Messenger” fecha o álbum em uma nota radicalmente diferente.

E enquanto as partes que grudam ainda estão intactas – o Linkin Park provavelmente não poderia evitar que isso acontecesse mesmo que tentasse – a banda aborda o álbum como um álbum, e não como uma seleção de faixas.

“Queríamos que tivesse uma vibração,” disse Bennington. “Queríamos que o álbum fosse apresentado como uma peça de arte, por inteiro.”

Os sons são afiados, até futurísticos. Mas o fluxo do álbum, disse Shinoda, tinha a intenção de lembrar os álbuns conceito dos anos 70, com alcance cinemático.

“A abordagem era tentar fazê-lo quase mais visual, realmente andar de uma forma que pinte uma figura e não seja sobre atingir você com músicas pop,” ele disse.

Em uma indústria musical que cada vez mais vai em direção às faixas e downloads, Shinoda, Bennington e seus colegas de banda – guitarrista Brad Delson, baterista Rob Bourdon, baixista David Farrell e DJ Joe Hahn – sabiam que estavam se arriscando.

“Tínhamos que nos olhar no espelho e dizer, ‘Estamos confortáveis com a possibilidade que isso trabalhe contra nós em longo prazo?’” Shinoda lembra. “Obviamente decidimos seguir em frente e ir contra a maré. E eu sinto que criativamente, artisticamente, era uma escolha que precisávamos fazer.” Enquanto “A Thousand Suns” motivou respostas diferentes entre o público do Linkin Park, os mais revoltados parecem ter se dissipado com o tempo ao passo que os fãs se aproximam da música. E os dois primeiros sucessos do álbum – “The Catalyst” e “Waiting for the End” – provavelmente conseguiram novos fãs mais do que o suficiente para suprir os que possam ter perdido. Como cada um dos álbuns do Linkin Park desde 2003, “Suns” estreou em primeiro lugar na Billboard. Ainda assim, suas vendas da primeira semana de 241 mil cópias foram significativamente menores do que as 625 mil de “Minutes to Midnight” de três anos antes.

Os fãs mais fervorosos do Linkin Park tem a mente muito aberta ao que fazemos,” disse Bennington. “Às vezes leva um tempo para as pessoas digerirem as novas músicas. Mas quando tudo se encaixa – principalmente no caso desse álbum – eu acho que as pessoas realmente vão gostar do que fizemos aqui e verão qual foi nossa intenção.”

Shinoda, um apaixonado por gadgets e pelo estúdio, sempre injetou um pouco de high-tech no trabalho de estúdio do Linkin Park, que deve ser impreterivelmente traduzido para o palco. Mas o material de “A Thousand Suns” pode se provar ainda mais desafiador do que o normal. A banda teve a oportunidade de afiar a música em datas mundo afora no outono, mas a performance vai continuar sendo mexida e improvisada mesmo depois da turnê americana começar seu caminho na Flórida.

O grupo gostaria de eventualmente fazer performances do começo ao fim do novo álbum, disse Shinoda, mas ele enfatizou que a turnê atual vai incluir músicas de todo o catálogo da banda.

“Eu acho que elas funcionam bem juntas,” ele disse. “O novo álbum definitivamente dá uma narrativa para o show, o que é muito legal. Ele meio que amarra partes diferentes do show, e eu acho que algumas das músicas antigas tem um novo significado quando colocadas nesse contexto.”