Linkin Park assume alguns riscos

O site Mercury News escreveu uma matéria sobre o Linkin Park, falando sobre o sucesso e risco de A Thousand Suns, a evolução da banda e seus fãs. Abaixo segue a tradução na íntegra.

Teria sido fácil para Linkin Park continuar produzindo mais do cativante, hip-hop misturado com rock que há muito tempo tem sido sua mercadoria.

O sexteto da Califórnia era, no fim das contas, a nova banda com mais vendas dos anos ’00, vendendo mais que 21 milhões de álbuns nos EUA e se tornando fixa em rádios com músicas como
“What I’ve Done” e “In The End”. 

Mas para os líderes da banda Mike Shinoda (vocais de rap, guitarra) e Chester Bennington (vocais), relaxar não era uma escolha atraente. Então, ano passado, eles guiaram o Linkin Park para um
novo e ambicioso território com “A Thousand Suns”, um experimental, altamente conceitual, quarto álbum que mantém os debates entre os fãs turvo por meses.

“Com o passar dos anos, nós estamos aprendendo novas coisas”, diz Shinoda, que virá ao HP Pavilion com sua banda. “Nós estamos mudando. Nós estamos ouvindo músicas diferentes. Nós
estamos tocando instrumentos diferentes, interessados em falar sobre coisas diferentes. Então todas essas coisas se misturam no pote e no final do dia, a música é feita sobre todas essas coisas.”

A nova direção foi aparentemente das primeiras sessões demo para “A Thousand Suns,” um som que Shinoda descreveu como mais solto, mais eletrônico, mais abstrato. A banda usou uma técnica antiga conhecida como Escrita Automática, adaptando as letras a partir de um fluxo de consiência. E com Ric Rubin — que também produziu “Minutes to Midnight” (2007) — o grupo encontrou um cúmplice receptivo para sua nova aventura sônica.

O álbum resultante foi longe do Linkin Park de uma década atrás, a banda que resultou em uma estréia monstra na forma de “Hybrid Theory” — toda angústia adolescente, rugido das guitarras nu-metal e alternando para o rap cantado. O caleidoscópico “A Thousand suns” revela uma banda em transição: papéis se transformando, sons mutantes. As letras se tornaram políticas. Guitarras abriram espaço para pianos, sintetizadores e ruídos processados. A música acústica “The Messenger” fecha o álbum em uma nota radicalmente diferente.

E enquanto as batidas cativantes estão intactas — Linkin Park provavelmente não poderia segurar os ganchos de vazarem mesmo se tentasse — a banda abordou o álbum como um álbum, ao invés de uma seleção de faixas.

“Nós queríamos que ter uma vibe,” diz Bennington. “Nós queríamos que o álbum fosse apresentado como uma obra de arte, como um todo.”

Os sons são de ponta, até mesmo futurísticos. Mas o fluxo do álbum, diz Shinoda, destinava-se a remontar o conceito de álbuns de 1970, cinematográfico: “A abordagem é tentar fazê-lo quase mais visual, para realmente ritmá-lo de uma forma que pinte uma figura e não é sobre, atingir você com músicas pop.”

Em uma indústria fonográfica que está cada vez mais voltada para faixas e downloads, Shinoda, Bennington e seus colegas de banda — guitarrista Brad Delson, baterista Rob Bourdon, baixista David Farrell e DJ Joe Hahn — sabíam que estavam correndo um risco.

“Nós tivemos que nos olhar no espelho e dizer ‘Estamos confortáveis com a possibilidade de que isso vire contra nós a longo prazo?'” lembra Shinoda. “Obviamente nós decidimos dar continuidade nisso e ir contra a maré. Eu sinto que, criativamente, artisticamente, foi uma escolha que nós precisávamos fazer.”

Enquanto “A Thousando Suns” induziu uma resposta mista entre a platéia de Linkin Park, a severa repercussão parece ter se dissipado com o tempo enquanto os fãs crescem na música. E os primeiros hits do álbum — “The Catalyst” e “Waiting for the End” — provavelmente atraíu mais fãs do que o suficiente para compensar qualquer partida. Como cada um dos álbums de Linkin Park desde 2003, “Suns” estreou em primeiro lugar na Billboard. Ainda assim, suas vendas na primeira semana de 241.000 foram significantemente menores do que 625.000 de “Minutes To Midnight” três anos antes.

“Os fãs incondicionais de Linkin Park são mente aberta para o que fazemos,” diz Bennington. “Algumas vezes leva um tempo para as pessoas digerirem a nova música. Mas quando digerem — especialmente com este álbum — Eu acho que as pessoas vão apreciar o que fizemos aqui e ver pelo que queríamos que fosse.”

Shinoda, o gênio do instrumento, sempre injetou uma sensação de alta tecnologia no trabalho de estúdio do Linkin Park, que deve ser finalmente traduzida no palco. Mas materiais do “A Thousand Suns” pode se provar mais desafiador do que o normal. A banda teve a chance de começar a afiar a música com um mar de datas internacionais, mas o show vai continuar se ajustando e improvisando na turnê dos EUA.

O grupo gostaria de eventualmente tocar o novo álbum completo de trás para frente, diz Shinoda, mas ele enfatizou que na turnê atual irão incluir músicas de todo o catálogo da banda.”Eu acho que elas funcionam bem juntas,” ele diz. “O novo álbum definitivamente empresta… a narrativa ao show, o que é realmente bom. Meio que enlaça diferentes partes do show juntas, e eu acho que algumas das músicas antigas obtém um novo significado quando colocadas neste contexto.”