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Linkin Park: Uma prova ‘viva’.

O MSN Music News entrevistou Mike Shinoda durante a audição na Sonos Studio:

Em 12 anos desde que o Linkin Park lançou o Hybrid Theory, a banda de multiplatina formada em Los Angeles, vendeu milhões de álbuns e sobreviveu a vários boatos ridículos que a banda de Mike Shinoda, co-compositor/co-produtor/rapper, iria voltar ao estilo antigo. “Fizemos um monte de experiências, boas e ruins“, diz ele, sentado num sofá da Sonos Studio, antes de uma audição do novo álbum de estúdio da banda, LIVING THINGS, lançado no dia 26 de junho.

Shinoda lembra algumas das frases mais negativas que já ouviu no começo da carreira: “Essa banda foi produzido pelo mesmo cara que montou o Backstreet Boys” ou “‘Eles nomearam a sua banda como Linkin Park para que ficassem ao lado do Limp Bizkit no rack CDs“.

Atualmente ele ri dessas mentiras, mas antes isso o irritava. Então, anos mais tarde, “Ao fazer este álbum, não tínhamos noção do que iríamos fazer, mas chegamos a um ponto onde percebemos que isso não tem nada a ver com a música. Nós agora estamos em uma situação mais segura, onde todos nós vemos essa história com bom humor“.

Não existem muitos motivos para rir, quando se trata do LIVING THINGS. Assim como o Hybrid Theory, o álbum se baseia em histórias pessoais de dor, traição e perda, através de suas 12 músicas marcantes e intensas. Mas a caixa de ferramentas da banda, como Shinoda gosta de dizer, tem crescido muito desde então, em formas que podem surpreender os fãs.

MSN Music: O álbum parece ter algumas influências dos anos 80, de bandas que estavam na ativa quando você era pequeno. Teve este tipo de influência mesmo?
Mike Shinoda: As referências dos anos 80 foram ainda mais claras nos dois primeiros álbuns. Se você ouvir Crawling e Pushing Me Away, e não estiver escutando Depeche Mode nela, eu não sei o que você está escutando. [Risos] 10 ou 12 anos atrás, a nossa paleta de cores era menor e fomos pintando com as cores que sabíamos que ficariam boas, mas atualmente, acho que essa paleta atualmente possui bem mais opções. Nós escutamos mais coisas novas, estamos escutando mais coisas. Vou ser honesto, eu não conhecia tão bem a discografia dos Beatles como agora. Eu não conhecia tão bem a discografia do The Who como agora. Eu era fã de hip-hop. Você me perguntou sobre o Run-DMC e Beastie Boys e NWA, eu poderia cantar todas as músicas deles. Agora, conhecendo um pouco mais sobre música antiga e as técnicas de gravação que usaram, essas coisas me fazem aumentar as possibilidades de experimentar novas ideias quando estou no estúdio.

Também percebe-se algumas influências do folk neste álbum.
Os elementos do folk vieram, há mais ou menos um ano atrás. Vieram através do [guitarrista] Brad [Delson] e por mim. Escutamos algumas coisas bastante antigas, antes dos anos 90, depois dos anos 80, não coisas dos anos 60, não coisas parecidas com o Dylan… Várias delas eram coisas religiosas, um monte de coisas que eu pessoalmente gosto, que vieram do sul. Elas foram feitas num momento em que a estrutura da música, como todos conhecem hoje, quando a coisa do verso-refrão, não existia. Então, ouvir estas músicas, que têm um poder permanente e são tão poderosas, que não ficam no meio de alguns dos lixos dos tempos modernos e ainda parecem ser coisas novas para mim.

O primeiro single de LIVING THINGS, BURN IT DOWN, é o número 1 na parada da Billboard de músicas de Rock. Ser o nº1 significa mais para você hoje em dia, do que quando você estava começando?
Sim, depois de ter passado da época em que apenas queríamos divulgar algumas músicas, as coisas saíram como esperávamos, e, em alguns casos, foram meio confusas. A Leave Out All the Rest, do nosso terceiro álbum, sempre achei que era uma grande música… Então, quando você tem algumas coisas que não vingaram, você acaba ficando com um pouco mais de humildade… Eu sou muito grato quando esse tipo de coisa acontece, eu sempre fui.

Você parece estar muito feliz aqui, mas o álbum contém muita angústia. Você o chama de LIVING THINGS, porque se trata de relações pessoais. É dolorido lidar com esses problemas internos?
Sim. É óbvio, acho tão idiota quando as pessoas dizem algo do tipo, “Oh, eles são pessoas bem sucedida no que fazem e não têm o direito a reclamar nada“. E no momento em que a pessoa perde um pai ou cônjuge, torna-se claro, mais uma vez, de que somos seres humanos e não importa o sucesso que você tenha ou onde você está na vida, a dor dói… Quando alguma coisa assim acontece, você fica mal – ou, na verdade, às vezes algumas coisas doloridas simplesmente acontecem… Nós sempre fizemos composições sobre sentimentos sinceros, mas o material que está neste álbum, em comparação com o último, é definitivamente muito mais pessoal. Há muito mais sobre “eu” e “você” nas letras, e esse tipo de coisa sempre surge a partir de sentimentos reais.

Além disso, a média de idade da banda é de uns 30 anos. Nesse tempo, você já passou por alguns sofrimentos na vida, e por isso  teve alguns aprendizados nesse tempo.
Quando eu era jovem, eu não tinha tanta noção de onde minhas ações podiam chegar e das ações de outras pessoas. Assim que você começar a entender um pouco mais o alcance disso tudo, de como as coisas são afetadas pelo que você faz ou o que outras pessoas fazem para você, você aprende muito mais, e se é algo ruim, isso dói mais, você sabe.

Como foi trabalhar com o produtor Rick Rubin, foi diferente desta vez, comparado aos dois álbuns anteriores?
Com o tempo, nós ficamos mais familiarizados uns com os outros, conhecendo cada estilo e habilidades, uns dos outros… Eu amo basquete, é como quando vejo uma boa equipe, vejo que eles têm uma química e andam juntos num mesmo ritmo, é tão divertido de assistir. Eu realmente vi isso com Rick e a nossa banda. Não existe um treino antes de irmos para o estúdio juntos. Nossa banda é baseada em uma filosofia de reunir muitos sons diferentes e coisas que nós gostamos, e estamos trabalhando com um produtor que sabíamos que era capaz de fazer isso. Rick não é  alguém que só dá palpites. Ele mal sugere as coisas específicas. Ele desenvolve você.

Qual é a pior parte que passou no estúdio, durante a composição do LIVING THINGS?
É mais o papel de produtor. Rick não é uma pessoa que segue as coisas as riscas – não trabalha com prazos. Ele é o oposto disso, e meus companheiros de banda ficam sem noção desse tipo de coisa ou eles não se importam tanto com isso, então eu sou aquele tipo de cara que dá os prazos. Teve uma hora que percebi que era necessário dar nomes para as músicas finalizadas, um nome para o álbum finalizado e criar a artwork final do álbum, e em menos de uma semana do prazo, não tínhamos nada disso. Estava me matando. É como cuidar de um monte de bichinhos. É como: “Gente, procurem se focar. Nós precisamos terminar essas coisas ou vamos passar da nossa data de lançamento; vocês não conseguem nem mesmo se concentrar em pensar num nome pro álbum sozinhos“. Estava me matando.

Se passaram doze anos desde o lançamento do primeiro álbum. Qual é a única coisa que sempre se manteve no Linkin Park?
[Longa pausa] Ah cara. Eu não quero dizer nada coisas ruins… [risos]. Eu não sei se posso responder essa. Essa pergunta eu passo.