Dez vezes Meteora

Na Grécia, mais precisamente na Tessália, homens desafiaram a sensatez e construíram monastérios no topo de rochas que parecem apontar para o céu. Sem escadas, o trabalho, feito em datas que não se pode precisar, foi realizado por devoção. Hoje, chamamos essa paisagem épica de Meteora.

Depois de uma estreia que em questão de meses se tornou histórica, o objetivo, se não superá-la, é continuar sendo grandioso. É buscar ser épico, mesmo que sua essência seja esbravejar de maneira agressiva a penosa luta contra as drogas de quem não teve as oportunidades que a juventude deveria oferecer. Transformar toda a dor e rejeição – sejam quais forem – em um desconforto confortante.

Para isso, que a fórmula, híbrida, seja conservada. As guitarras soam distorcidas. Os refrãos permanecem poderosos. O contraste entre partes leves e pesadas é mantido. A tudo isso, adicione instrumentos atípicos ao rock (cordas, flauta) e dê a eletrônica a chance de conduzir essa selvageria sonora de maneira harmônica.

Lançado há exatos dez anos, Meteora provou que não é necessária uma longa carreira para uma banda entrar para a história do rock. Basta ser, por si só, autêntica. Com seu segundo álbum, um “amigo das rádios”, o Linkin Park deixou de ser um nome para ser headliner de uma geração.

O título escolhido para seu trabalho de consolidação, Meteora, que não tem tradução, ganhou sua própria acepção. Soa forte, é marcante, caracteriza um biênio.

Pesquisando sobre o nome dado à região grega, encontrei significados como “rochas suspensas”, “colunas do céu”, “meio do céu”, “suspenso no ar”, “acima do paraíso”. Tanto faz.

Para nós, fãs, o real significado deste álbum é que, não importa quando – no passado, no futuro ou no tempo presente -, ele sempre nos mostra o caminho para que possamos sentir como se estivéssemos em algum lugar a que pertencemos. Dez vezes Meteora.