Suicide Girls entrevista o Chester

Nicole Powers, do site erótico Suicide Girls realizou uma entrevista com o Chester Bennington, na qual eles falaram sobre o novo álbum, a show de lasers, turnês, família e várias outras coisas.

Uma coisa interessante sobre esta entrevista é que Chester disse que eles fariam cinco shows na América do Sul, e, faltando menos de um mês para a primeira apresentação da banda por aqui, que acontecerá na Argentina, no dia 7 de outubro, só há três apresentações confirmadas para a América do Sul.

Para conferir a entrevista na íntegra, em Inglês, clique aqui. Caso queira conferir a entrevista em Português, clique em Mais e confira a tradução.

Nicole Powers: Parabéns pelo novo álbum.

Chester Bennington: Obrigado.

NP: É meio estranho, porque quando vocês entraram no cenário musical, eram conhecidos pelo pop/rock/rap, um combo híbrido, mas vocês foram para um lugar muito diferente com este álbum.

CB: Nós decidimos que não ficaríamos confortáveis voltando a usar as coisas que eram óbvias, em termos da maneira que nós compomos música. Estilisticamente e criativamente, quando a coisa óbvia natural é usar guitarras pesadas no refrão, então não vamos fazer isso. Vamos fazer algo diferente e ver se ainda podemos conseguir aquela energia, sem o uso de todos os nossos velhos truques.

NP: Em 2008, vocês anunciaram que este quarto álbum seria um álbum conceitual. Esse ainda é o caso para você?

CB: Nós trabalhamos em torno da ideia de fazer um álbum conceitual, e que era algo que parecia que ser um desafio e que iríamos criar um álbum que poderia ser reconhecido como algo que deve ser escutado como um todo. Isso era algo interessante para nós.

Quando começamos a compor, fomos para o estúdio e nós pensamos ok, não vamos pensar em estruturas de música. Não vamos pensar sobre as coisas que sempre pensamos. Não vamos trabalhar com a nossa forma padrão de fazer música, por assim dizer. Vamos deixar as coisas fluírem livremente. Então, quando nós jogamos fora o livro de regras, a ideia de álbum conceitual agora dava a impressão que nos colocamos, criativamente falando, em uma caixa,.

A ideia atraente de fazer um álbum conceitual tornou-se desinteressante, porque agora teríamos que compor todas essas músicas sobre uma história específica. Isso limita bastante a nossa mente criativa. Então, o que nós fizemos foi decidir nos concentrar na criação de sons que eram interessantes para nós, que eram diferentes… E deixar as músicas tornarem-se as músicas que elas desejavam se tornar.

Curiosamente, liricamente e sonoramente, começamos a perceber que havia bastante política, muitas coisas sociais, um tema muito espiritual acontecendo em todas essas músicas. Eles todos pareciam funcionar bem juntas e algo estava acontecendo. Quando começamos a juntar o álbum no final, encontramos uma ordem para o álbum, de repente, encontramos a seqüência mágica… Realmente senti que nós tínhamos criado um álbum conceitual, coisa que tínhamos a intenção de fazer primeiramente, mas sem forçar-nos a escrever sobre um tema específico ou uma história.

E certamente há um propósito claro e criativo por trás deste álbum. Eu na verdade lançá-lo como uma faixa só, e não que separassem o álbum em segmentos, ou em músicas diferentes ou algo assim. Eu pensei que seria divertido se fosse lançado como uma faixa de 48 minutos.

NP: Certo. Eu estava conversando com um de seus colegas de banda nos bastidores, e ele estava dizendo que vocês chegaram a um ponto onde se fizessem mudanças no álbum, você poderia realmente ouvir tudo isso de novo, desde o início, sendo isso um processo de produção muito trabalhoso. Ele brincou que seria ótimo se vocês estivessem drogados.

CB: É. Essa foi uma das nossas conversas no início do trabalho no álbum; Vamos dar uma olhada nos álbuns do passado que temos a impressão que têm um som conceitual. Talvez não necessariamente temático, por exemplo, não como o álbum Tommy. Não é uma ópera rock. Mas, o álbum te dava uma visão clara do que a banda fala, e [o álbum faz o que você quer] ouvir do começo ao fim, porque é uma experiência. [A música] leva você para fora do mundo de verdade, leva você a um lugar diferente, e soa como se a banda estivesse tomando as melhores drogas que existem. Nós pensamos tipo, como nós faremos um álbum que faça você se sentir como se estivesse saindo de si? Como se você estivesse fora de si mesmo, quase drogado, por exemplo. Nós queríamos fazer um álbum que fizesse isso. Nós queríamos fazer um álbum que fosse uma experiência multissensorial.

NP: O que você espera que as pessoas tirem disso?

CB: O que eu realmente espero é que as pessoas ouçam esse álbum e a partir dele, sintam que a banda não está com medo de arriscar. Nós não temos medo de nos pressionar. Nós não temos medo de desafiar os nossos fãs a fazerem algo diferente. Sabe, nós estamos dispostos a colocar as coisas no lugar e realmente tentamos fazer arte, e não apenas fazer músicas de sucesso e que sejam pegajosas. Isso tudo é ótimo também, mas não queremos repetir a nós mesmos e não queremos continuar a compor música apenas por compor música, porque nós podemos ser bem sucedidos com isso. Queremos fazer música que nos pareça ser importante e que seja artístico e substancial. Se nós fazemos isso ou não, isso é algo para as outras pessoas ouvirem e decidirem.

NP: Bem, eu honestamente acho que vocês conseguiram isso – absolutamente e categoricamente. Eu fiquei encantada com o show da outra noite. O show de laser que você fizeram, poderia ser quase uma turnê com isso e nem mesmo precisariam subir no palco. Foi muito bom.

CB: Na verdade, nós brincamos sobre isso. Nós dizemos “isso foi divertido, vamos só mandar o álbum por aí com isso, e nós poderíamos ficar em casa com as crianças”. Eu acho que ultimamente, o que gostaria de fazer, é usar essas coisas como uma experiência e integrá-las em nosso show ao vivo. Nos últimos 10 anos, a energia da banda e da música tem sido o que as pessoas vêm [aos shows] para ver. Isso não seria o principal, um grande show de luz, ou a apresentação de circo que está acontecendo no nosso lado. Nós definitivamente queremos fazer essa aposta neste momento. Queremos realmente fazer um show que nos sentimos confortáveis e pareça ótimo. E com este tipo de coisa, como o show de luz de lasers com o nosso álbum, são apenas pequenas coisas que podemos fazer para ajudar a nos inspirar e fazer com que as nossas performances ao vivo, vão para um outro nível. Gostaria muito de trazer algum tipo de óculos prisma e lasers para o nosso show e realmente dar às pessoas uma chance de sair de si e ter uma experiência com o álbum, de uma forma quase tridimensional

NP: Bem, eu definitivamente espero que as pessoas comecem a sentir a experiência que tive naquela noite. Foi simplesmente fenomenal. Como a ideia disso surgiu?

CB: Bem, curiosamente, ninguém da banda tinha visto nada disso antes de chegarmos lá naquela noite. Era uma surpresa para nós, tanto quanto era para qualquer um lá. Eu estava conversando com o nosso gerente, e eu disse que eu realmente gostaria de fazer algo especial para este álbum. Ele voltou e disse: “Sabe aquele show de lasers do Pink Floyd? E se fizéssemos algo parecido?” Eu disse: “Faça essa porra acontecer, cara”.

NP: Então, o que está no futuro imediato do Linkin Park?

CB: Nós estamos indo para a América do Sul, fazer cinco shows por lá.  Então partimos para Europa, Austrália e Nova Zelândia até o final do ano. Então depois dos feriados, nós voltamos para os Estados Unidos e Canadá, depois Ásia, então de volta para a Europa e Estados Unidos, e, esperamos ir outros lugares também.

NP: Como vocês se atrevem lançar o álbum e nos fazer esperar pelos shows. Vocês provocam!

CB: Eu sei, isso é difícil. Uma das coisas que é uma benção e uma maldição é que nos tornamos uma banda que tem um monte de fãs por toda parte do mundo, e o mundo é um lugar muito grande. Os Estados Unidos tem tido muito Linkin Park e há muitos lugares fora dos EUA que realmente não nos tem com freqüência, e a América Latina é um desses lugares. Vamos tocar em Abu Dhabi, nunca estivemos lá. Vamos tocar em Tel Aviv, nunca tocamos lá. Nós gostamos de ir para América Latina, tocar lá. Há um monte de lugares que nós não fomos. Nem mesmo no Canadá nós tocamos com frequência. Há muitos lugares que nós queremos tocar dessa vez. Eu acho que quando estivermos de volta aos EUA com o nosso show, estaremos em um excelente lugar em termos de visual e vamos incorporar mais do nosso novo álbum. E as pessoas estarão mais familiarizadas com o álbum dessa vez, então eu acho que será melhor para nós, segurar um pouco e voltando quando quebraremos tudo.

NP: Com esse CD, eu meio que quero que vocês façam uma daquelas turnês onde vocês tocam o álbum por inteiro.

CB: Totalmente. Estou com você 100%… Acho que isso é algo que possa acontecer no futuro, com toda certeza. Eu acho que uma vez que as pessoas ouçam o álbum e possam absorvê-lo um pouco, e realmente sentir do que ele se trata e até onde ele pode ir, aí acho é neste ponto que nós poderíamos, definitivamente, voltar e dizer “Certo, nós vamos juntar tudo em um belo espetáculo, visualmente, que envolve a vibe da gravação, que capta a energia dela, e vem à tona, aí talvez voltamos para o bis e tocamos oito ou nove hits.

NP: Não acredito que estou encorajando um artista a fazer uma turnê sem tocar as famosas, mas esse álbum é muito bom.

CB: Obrigado. Mas você está certa. Você está pregando para um convertido. Estou com você 100%. Tipo, eu só quero tocar as coisas novas. Eu as amo. Acho que isso está fazendo com que nós como uma banda, nos tornemos melhores ao vivo e desafiamo-nos mesmos dessa forma. Mas ao mesmo tempo, é um novo álbum e será desafiador par os fãs mudarem de idéia do Hybrid Theory

NP: Para o The Dark Side of the Moon.

CB:  Exato. Eu acho que assim que as pessoas acostumarem com álbum, digerirem-no, e processarem-no em uma maneira que os dá o tempo que eles vão precisar, haverá um momento que poderemos voltar e fazer algo especial com esse álbum e tocá-lo na íntegra.

NP: Quando você está na estrada, quais são as coisas essenciais que você leva com você para matar tempo e fazer a coisa toda funcionar?

CB:  Bem, pelos primeiros sete anos de nossa carreira, eram um grande saco de maconha, alguns cigarros, Jack Daniels e um churrasco. Isso era o que eu precisava para poder conseguir. Agora que estou ficando velho e caindo, pedaço por pedaço, a coisa que faz a maior diferença é trazer minha família comigo ou me conectar com meus filhos e minha esposa – não perdendo os marcos das vidas de meus filhos. Eu acho que isso é importante. Gosto de me manter conectado desse jeito.

Eu tenho uma rotina bem mundana. Eu acordo, tomo café da manhã, malho, corro. Entro num avião para voar para algum show, faço uma entrevista, faço um puta show, volto, alongo e malho antes de dormir. Faço isso todo dia, eu meio que entro no modo “tomar conta de mim para que eu possa tocar o melhor show que eu posso”, que não mais é sacos de maconha e Jack Daniels. Eu parei de fumar quatro anos atrás, agora eu malho e corro. Eu sinto como se eu meio que tivesse virado o papel do que significa ser um rock star para mim.

NP: Do mesmo jeito que o álbum é mais do que a soma de suas partes, eu sempre penso que uma banda é mais do que a soma dos membros individuais. Vocês tiveram uma formação bem instável desde 99. O que vocês fazem para preservar relacionamentos com a banda e fazer tudo funcionar?

CB: Eu acho que todos nós somos caras bem sensíveis. Eu acho que tem uma vibe meio ética de reciprocidade na nossa banda. Não tratamos o outro com desrespeito. Pelo menos tentamos não tratar, na maioria das vezes. Eu acho que 98 por cento do tempo nós somos bem respeitosos um com o outro. Nós aceitamos críticas. Se alguém não gosta de algo, ao invés de gritar “Isso é uma bosta! Jogue isso fora”, nós podemos conversar sobre o que precisa melhorar. A comunicação é a chave.

Nós respeitamos a vida pessoal do outro e tentamos encorajar a família, filhos, esposas e namoradas para estarem pertos e envolvidos. Nós precisamos que a turnê seja o lugar para família, caso contrário não vamos conseguir, porque precisamos disso enquanto pessoas. Nós precisamos dessa conexão conosco mesmo para que nossas almas e nossos corações suportem as 22 horas diárias que não gostamos em relação à turnê. Nós queremos poder ser criativos e trabalhar om o outro, e escrever, e fazer turnê, e encontrar balança com a família. Todos nós estamos na mesma página em relação a isso. Eu acho que essa é a chave. Nós sabemos que podemos nos empurrar porque gostamos de trabalhar. Mas nós também sabemos que é importante às vezes voltar um pouco e retribuir para as pessoas que mais nos apoiam.

NP: Fora tocar em lugares novos e diferentes nessa turnê, há algum objetivo pendente que você tem para essa banda?

CB: Sim. Nós com certeza queremos lançar mais álbuns, mais rápido. Nós gostaríamos de lançar um álbum todo ano. Mas, dada a natureza do negócio, fazer turnê é o que há ultimamente, então não dá para ficar no estúdio o ano inteiro.

Nós vamos basicamente levar o estúdio na turnê conosco, estaremos trabalhando em música nova enquanto fazemos turnê. E durante nosso tempo entre as turnês, vamos ficar entrando e saindo do estúdio, trabalhando no novo álbum. Eu acho que ao fazer isso, com sorte podemos lançar álbuns a cada dois anos ao invés de três para quatro anos, como temos feito. Isso é algo que gostaria de ver acontecer.

Também, com o A Thousand Suns sendo do jeito que é, eu sinto que é o momento para nós pularmos para shows visualmente atrativos, isso, esteticamente e artisticamente, é bem mais intrigante e involvente do que o nosso antigo “vamos colocar um telão atrás da gente com um pouco de arte e um fundo do Linkin Park”. Isso é legal, e funcionou para a gente até agora. Eu acho que fizemos um bom trabalho ao vivo. É por isso que temos sido conhecidos. Agora é a hora de levar isso para um nível totalmente novo. Gostaria de ver a gente realizar isso também.