Linkin: o passado e o presente

O jornal Khaleej Times, dos Emirados Árabes Unidos, publicou em novembro uma matéria com a banda:

Linkin: o passado e o presente

Os pesos-pesados do hard rock do Linkin Park tocam em Yas Island em Abu Dhabi essa noite, dias depois de ganhar um prêmio no EMA por melhor performance ao vivo.
Mike Shinoda fala sobre como a banda amadureceu em conjunto, e os riscos de mudar um som que já vendeu mais de 50 milhões de discos.

Estréias no topo das listas já estão se tornando um hábito para o Linkin Park.
‘A Thousand Suns’, que estreou em primeiro lugar na tabela da Billboard americana em setembro, marcou o terceiro lançamento consecutivo no topo dos roqueiros de LA, seguindo ‘Meteora’ (2003) que foi platina quádrupla e o duplo-platina ‘Minutes to Midnight’ (2007). ‘Hybrid Theory’ (2000), a estreia do grupo, chegou ao segundo lugar no seu caminho para a venda de 24 milhões de cópias pelo mundo.

O cantor e multi-instrumentista Mike Shinoda diz que apesar disso o Linkin Park tenta não tomar tanto esses sucessos como garantia, e a recepção para ‘A Thousand Suns’ foi particularmente boa.

“É muito bom ouvir isso porque é um tipo de álbum muito diferente para nós,” diz Shinoda, que co-produziu o álbum com Rick Rubin. “Sentir o apoio dos fãs é algo pelo qual somos muito gratos.”

Enquanto o Linkin Park nunca relutou em mexer em seu som, seus três álbuns anteriores se encaixam muito bem em um molde híbrido de rock-rap agressivo dominado por guitarras, energia e nervosismo. As nove músicas e seis interlúdios de ‘A Thousand Suns’, entretanto, são construídos por sons ambientes e solenes, deixando o guitarrista Brad Delson com um trabalho mais discreto – por assim dizer – em favor dos teclados, loops e samples.

Definitivamente há momentos de rock, incluindo seções em estilo hip-hop em ‘When They Come For Me’, ‘Waiting for the End’ e a homenagem ao Public Enemy em ‘Wretches and Kings’, mas essas são superadas pelas sensibilidades estilo hino de ‘Iridescent’, ‘Robot Boy’ e o primeiro single ‘The Catalyst’, assim como pela aura relaxada de ‘Burning in the Skies’.

FUGA DO TÉDIO

“Estávamos ouvindo muitas músicas que nos entediavam,” diz Shinoda, 33 anos, “e a música que estávamos escrevendo soava como coisas que o Linkin Park faria – e isso era meio entediante para nós também. Nós realmente queríamos nos desafiar a tentar algo que parecesse novo.”

Como resultado, o processo de trabalho do grupo – montar músicas em grupos de dois ou três membros, então se encontrar às segundas-feiras, de vez em quando com Rubin, e revisar o que tinham criado – logo os levou a desistir de suas primeiras tentativas e mudar de direção.

“Quando algo soava familiar,” lembra Shinoda, “ganhava reações desanimadas. E quando algo soava desafiador, chamava a atenção de todos e víamos onde isso nos levaria.”

Apropriadamente, uma das primeiras músicas novas foi ‘The Catalyst’, que veio em conjunto com outras, incluindo ‘Robot Boy’ e ‘Burning in the Skies’.

“Esse foi um dos motivos do nome de ‘The Catalyst’,” diz Shinoda, acrescentando que ‘Robot Boy’ é “drasticamente diferente” de tudo que a banda fez no passado.

Uma mudança tão drástica não é problema para o Linkin Park, que se juntou em 1996 enquanto alguns membros da banda freqüentavam a UCLA. O cantor Chester Bennington entrou na banda pouco depois, por sugestão de um executivo de uma gravadora que apresentou os dois lados. Desde ‘Hybrid Theory’, o grupo vendeu mais de 50 milhões de álbuns, ganhou dois Grammys e alcançou oito primeiros lugares na tabela alternativa da Billboard, incluindo ‘In the End’ (2001), ‘Somewhere I Belong’ (2003), ‘Breaking the Habit’ (2004) e ‘The Catalyst’. O lado misturado do Linkin Park foi destacado com ‘Collision Course’ (2004), um mash-up com o rapper Jay-Z.

Eles tem sido, simplesmente, uma das bandas mais bem sucedidas da última década, o que significa que qualquer mudança significativa é arriscada – apesar de Shinoda, que também lidera a banda paralela Fort Minor e é artista gráfico, dizer que o Linkin Park está pronto para abraçar isso.

“Todos estão ficando mais velhos e crescendo, e queremos fazer música que represente onde estamos agora,” ele diz. “Mas não estamos dizendo, ‘Estamos indo para uma nova direção, e dane-se quem gosta das coisas antigas.’”

“Há pessoas que vão amar e pessoas que vão odiar, mas pelo menos as pessoas estão falando sobre ele e é uma conversa divertida de termos iniciado.”

MESMA DIFERENÇA

Mas Shinoda argumenta que ‘A Thousand Suns’ não deve necessariamente soar estranho para os que tem acompanhado o Linkin Park nesses últimos anos.

“Na verdade são alguns dos mesmos elementos, só reorganizados,” ele diz. “Você pega os vocais, a guitarra pesada, alguns elementos de hip-hop e eletrônicos. Dez anos atrás queríamos ouvir a bateria e a guitarra e os vocais gritando bem na frente. Bem, nesse álbum espalhamos tudo. É um trabalho de sonoridade densa.”

Um bom exemplo, diz Shinoda, é o segundo single do álbum, ‘Waiting for the End’.

“A música, no começo, era mais voltada para a bateria e a batida, o rap e os sons legais, marcantes,” diz Shinoda. “Mas mantivemos a porta aberta para qualquer abordagem que surgisse.”

Então Bennington, passando por algumas ideias que tinha gravado em seu celular, ofereceu uma melodia e uma letra que levaram a canção para um território mais musical.

“Eu amei imediatamente,” lembra Shinoda, “e eu o empurrei para a cabine de voz e disse, ‘Cante aquilo!’ Aquela pequena ideia, e a interpretação dele, levaram a música a um nível muito mais alto. A dinâmica entre o rap e a batida com aquele verso bem calmo realmente definiu a música.”

O Linkin Park planeja fazer a maior divulgação para o álbum na estrada. Depois de Abu Dhabi o grupo vai com a turnê para a Europa no outono e viaja para a Austrália em dezembro, deixando a América do Norte para 2011.

Shinoda prevê que aqueles que forem aos shows e ouvirem o novo material junto com as antigas favoritas provavelmente vão sair aceitando melhor as ambições do Linkin Park.

“Nós basicamente criamos um show ao vivo que leva o ouvinte entre as diferentes eras do Linkin Park,” diz Shinoda, “então levamos algumas coisas antigas e as manipulamos e deixamos o som mais novo, e tocamos algumas coisas novas e o que tiver no meio. E os visuais que acompanham tudo isso são absolutamente maravilhosos.”

“Então eu acho que uma pessoa que esteja familiarizada com nossa música vai realmente ouvir que nós não soamos como uma banda completamente diferente.”

things aren't the way they were before; you wouldn't even recognize me anymore.