Na “Estrada para a Revolução”

Semana passada, o lansingstatejournal publicou uma matéria sobre o Linkin Park abordando “A Thousand Suns”, iniciativas de caridade como o “Music for Relief” e refrescou um pouco a memória dos fãs relatando trabalhos anteriores da banda e decisões que ela tomou para chegar aonde chegou. Confira a tradução abaixo:

É muito provável que você já tenha ouvido “Waiting for the end” – o agora onipresente hit de rock número 1 da banda Californiana de metal alternativo Linkin Park – inúmeras vezes na rádio.

E se você prestou atenção na letra da música, provavelmente percebeu que a faixa é ainda mais profunda do que parece na rádio.

“Waiting for the end to come/ Wishing I had strength to stand, (Esperando o fim chegar/ Desejando que eu tivesse força para suportar)
This is not what I had planned / It’s out of my control” (Não é isso que eu tinha planejado/ Isto saiu do meu controle)

Dark. Apocalíptico. Misteriosamente encantador. Este é o novo Linkin Park.

“Eu não sei exatamente o porquê, e não houve um momento específico que tenha sido o catalisador disso tudo” disse o vocalista, compositor e guitarrista Mike Shinoda, se referindo à origem da música “Essas idéias relacionadas à autodestruição e medo foram surgindo e nos surpreendendo.”

Isso é grandioso. Porém, quando Shinoda e o vocalista e compositor Chester Bennington trouxeram as letras para a banda, o grupo entendeu o potencial da mensagem progressiva.

“Descobrimos que todos nós da banda sentíamos que definitivamente existia um medo universal, medo este que eu acredito que muitas pessoas têm hoje em dia, sentíamos que a humanidade como um todo está e esteve por muito tempo à beira da destruição em si,” relata Shinoda.

“Quer seja logo, quer seja daqui a algum tempo, esta é apenas uma possibilidade de algo que pode acontecer no mundo e todos nós, acredito eu, estamos com medo em alguma escala. Para nós seis, este era um medo real e uma emoção verdadeira e, portanto, era conveniente que fizesse parte do álbum.”

Aquele sentimento paranóico se tornou o tema do último álbum do Linkin Park, “A Thousand Suns” (2010).

“O que esperamos é chegar ao final do dia e ter feito uma boa música, e ter um álbum como o “A Thousand Suns”, no qual as músicas realmente trabalham unidas umas às outras,” diz Bennington.

“Eu sei que os fãs mais fervorosos do Linkin Park têm a mente muito aberta àquilo que fazemos, e que às vezes leva um tempo para as pessoas digerirem o novo som. Porém, quando tudo se consolida, especialmente no caso deste álbum, eu acho que as pessoas vão gostar de fato do que fizemos e ver qual foi a nossa intenção.” 

Na “Estrada para a Revolução”
Quando o Linkin Park trouxe a Turnê Norte Americana do “A Thousand Suns” para o Joe Louis Arena em Detroit na terça-feira, foi esperado um “super” show, para fazer jus ao imenso sentimento que o álbum transmite.

“O visual do show tem muito a ver com o de ‘A Thousand Suns’,” diz Shinoda. “Muitos dos temas do novo álbum desempenham um papel central nos visuais do show. Nossa equipe de arte desenvolveu uma tecnologia que é específica para este show, e foi levado muito em consideração o fato de nós não tocarmos a mesma coisa todas as noites.”

Nós tocamos diferentes set lists e dentro delas improvisamos, então queríamos uma espécie de “fluxo e refluxo” para o visual do show, que caminhasse de acordo com o que fizéssemos com a música.

E embora “A Thousand Suns” seja o primeiro álbum conceitual do Linkin Park, os rapazes prometeram não tocar o álbum inteiro nesta turnê. Afinal, uma banda inteligente o suficiente para permanecer por mais de uma década na estrada sabe que os fãs querem ouvir as músicas que construíram o seu legado.

De “Hybrid Theory” para “Suns”
O cenário musical do Linkin Park pode ser considerado tudo, menos uma baboseira do rock alternativo. A banda compreende dois cantores/M.C.s (Bennington e Shinoda), um DJ/sampler (Joe Hahn), um guitarrista (Brad Delson), um baterista (Rob Bourdon) e um baixista (David “Phoenix” Farrell). Toda essa instrumentação, unida aos vocais de hip-hop e às características do new metal, dá ao Linkin Park um ar épico e orquestral.

O sucesso veio rápido para a banda, que de um processo no qual gravava e produzia sons no quarto de Shinoda em meados dos anos 90 passou a vender mais de 10 milhões de cópias com o seu primeiro álbum, “Hybrid Theory”, em 2000.

Depois de “In the End”, “Crawling” e “One Step Closer”, hits nº1, o “Hybrid Theory” acabou se tornando parada obrigatória para qualquer um que crescia naquela época, período pós-grunge e do rock alternativo. A Billboard nomeou “Hybrid Theory” o 11º na lista dos “200 melhores álbuns da década.” Críticos consideraram a obra “inovativa”, “complexa” e “histórica.”

Mais tarde, veio um album remix (“Reanimation”). E em 2003, surgiu o álbum “Meteora,” repleto de uma atmosfera eletrônica, zumbidos de guitarras, sons heterogêneos, letras mais maduras e todo aquele sentimento de angústia do rock moderno. O álbum foi como um grande single, com destaque para “Somewhere I Belong”, “Faint”, “Breaking the Habit” e “Numb”.

E mais trabalho veio por aí, desde a parceria com o Jay-Z (que teve como uma das músicas “Numb / Encore”), a trilha sonora de “Transformers,” às turnês pelo mundo.

Hoje, a banda é considerada um dos grupos mais modernos de rock de todos os tempos.

Como que o grupo se manteve tão popular por tanto tempo?

“Eu acho que tudo remete às gravações e álbuns que fizemos,” diz Shinoda. “A essa altura, toda vez que nós ouvimos uma demo que algum de nós trás, soa muito familiar, e isso é um pouco maçante. Isso nos desanima. Então apenas tentamos manter tudo novo, ficar empolgados e tentar fazer uma “música honesta” a qual nós gostamos de ouvir.” 

“Pontos de Autoridade”
Embora os integrantes do Linkin Park curtam sua fama que nunca se acaba, eles também estão cientes que “quanto maior o poder, maior a responsabilidade.” Eles foram os primeiros voluntários a tocar em shows de caridade e contribuir para organizações sem fins lucrativos (“Live 8” e “Special Operations Warrior Foundation” – SOWF).

E eles também lideraram sua própria organização dedicada a ajudar as vítimas de terremotos no Haiti. “Music for Relief” tem como objetivo arrecadar fundos para as vítimas de desastres naturais e conscientizar as pessoas sobre o aquecimento global.

Um dólar de cada ingresso vendido nesta turnê vai diretamente para o “Music for Relief”.

E embora você mal consiga reconhecer o novo álbum pelo ar dark que ele traz, os rapazes estão otimistas sobre o futuro.

“Eu sinto que nós acertamos em muitas coisas. Tivemos muita sorte. Cometemos alguns erros que, olhando para trás, se nos fosse dada uma chance de mudá-los, provavelmente faríamos isso,” reflete Shinoda.

“Criativamente falando, eu sinto que a banda está realmente ‘energizada’. “A Thousand Suns” foi um marco muito importante para nós, e não apenas de forma criativa, mas também como um grupo de amigos. Acredito que coisas assim são realmente positivas e por isso aguardamos ansiosamente aquilo que o futuro nos reserva.”