Brad no WFNX Breakfast Show

O guitarrista Brad Delson participou do Breakfast Show na rádio WFNX de Boston e falou sobre a voz de Chester e A Thousand Suns. Confira a tradução da entrevista:

WFNX: Vocês são uma ótima banda ao vivo, mas quando eu vejo o Chester cantar, eu penso comigo mesmo, nós dois temos mais ou menos a mesma idade, e eu penso, quando esses caras fizerem uma turnê de reunião no VH1 Classic um dia, como vai ser a voz do Chester?

Brad: Olha, se Deus quiser ele vai soar o mesmo, não é? Não quero que a voz seja nada diferente.

WFNX: Não, seria terrível se ele acabasse perdendo aquela voz.

B: Ele é um cara robusto [risos], eu confio nas habilidades vocais dele a longo prazo. Já disse isso a ele, sou muito grato por estar na banda com ele, porque o tipo de talento vocal com o qual ele nasceu, é tipo, literalmente um em um milhão. Ou, quem sabe, um em talvez dez milhões, sabe? Qualquer coisa que pensarmos no estúdio ele consegue cantar, seja uma parte suave, seja puro grito, eu teria laringite depois de dois segundos, ele faz isso por uma hora e meia no palco, então…

WFNX: É. Então, sobre A Thousand Suns, falando em gritar, falando em vocês terem sido uma banda tão agressiva por tanto tempo… Esse é meio que o primeiro álbum que mostra mais coisas, bem, eu não quero dizer mais, mas é algo diferente da banda quando se ouve certas faixas desse álbum. Partir pra isso, projetar mais as músicas, isso assustou vocês? Quero dizer, ‘Meu Deus, isso não é muito chocante, comparando com outras coisas que fizemos?’

B: Foi tipo, ótima pergunta, Fletcher, porque é na verdade uma coisa sobre a qual falamos como grupo, no começo do processo de gravação que durou cerca de dois anos aqui em Los Angeles e era uma coisa que começamos a fazer de cara, a ideia era fazer um álbum como você mesmo descreveu. Era um afastamento para a banda e nós meio que começamos a ir nessa direção com Minutes to Midnight, no fim do processo nós todos estávamos, eu acho, prontos para fazer algo criativamente ambicioso nesse novo trabalho e eu acho que nos dedicamos a isso, e o que me surpreendeu foi que realmente mantivemos essa ideia, porque é fácil, especialmente se você já tem algo que “funciona”, é fácil desistir de um projeto assim. E nós realmente nos desafiamos a ir para a direção criativa que era mais inspiradora para nós, que é o que você ouve no álbum, e como você disse, é muito, muito diferente de qualquer coisa que já fizemos. Então era um risco enorme, e o fato que, sabe, as pessoas parecem estar gostando, é ótimo. Mas tinha o potencial para ninguém gostar, sabe? Mas é um álbum que adoramos, e o faríamos de qualquer maneira.

WFNX: Falamos de A Thousand Suns, de como é uma grande mudança sonora para a banda, e se isso assustou vocês… Minha pergunta é, você sente muita pressão, porque vocês são uma das maiores bandas do mundo, isso fica na sua cabeça?

B: Felizmente não. E eu sou o tipo de cara que se preocupa muito, sabe, infelizmente. Mas não ligo pra isso, porque você não pode controlar como algo vai se sair comercialmente ou até mesmo nas críticas. A única coisa que você pode controlar como artista é a qualidade do trabalho, certo? Pessoalmente, sou tão duro com a música quanto qualquer um. Então não estou dizendo, ‘Oh, está ótimo, está ótimo’, eu digo, ‘Não, ainda não está certo’. Para mim, quando chega ao ponto em que é apenas essa linda catarse e você simplesmente ama ouvir, e você já fez tudo o que pode pensar e é inspirador ouvir aquilo, quero dizer, é basicamente o motivo pelo qual começamos a fazer música afinal, queríamos as músicas certas que não tocavam na rádio, e queríamos ouvi-las, então quando se chega a esse ponto com qualquer coisa, soando previsível ou completamente fora do comum, é quando você aperta o botão dourado.

WFNX: Há algumas ideias profundas no álbum também, é um álbum conceito?

B: É um álbum conceito sem conceito.

WFNX: [risos] Explique.

B: Não queremos transmitir nenhuma mensagem, mas definitivamente o conceito é que é um álbum com a intenção de ser ouvido do começo ao fim, você pode escolher músicas individualmente, e sem dúvida elas se sustentam, mas ele conta uma história musical, há vários temas específicos que saem tanto das letras quanto de algumas falas dos interlúdios que pudemos usar e integrar ao álbum. Graças a Deus pudemos mesmo usar esses samples, senão teria sido devastador. Sabe, nós não sabíamos o que Martin Luther King diria, ‘É, podem usar a voz e transformar em robô.’ Sabe? Simplesmente fizemos isso, e gostamos de como ficou, o mesmo vale para as frases de Oppenheimer e Mario Sávio que eram todas muito importantes para a sensação que se tem quando você ouve o álbum inteiro.

WFNX: Quando pensamos no Linkin Park de One Step Closer e comparamos com o Linkin Park de 2011, o que mudou para você como músico e também pessoalmente, ter a oportunidade de ter sua arte alcançando um nível tão bem sucedido?

B: Dá pra imaginar se o álbum que acabamos de lançar tivesse 12 músicas que soassem como One Step Closer?

WFNX: Eu gostaria!

B: O que eu quero dizer é, há bandas que fazem isso, sabe, Deus os abençoe, eles fazem o mesmo álbum há dez anos. E meu ponto é, eu adoro Hybrid Theory, e para as pessoas que o adoram também, elas tem o Hybrid Theory. Certo? Então o que estamos tentando fazer é continuar a evoluir como artistas, e assim como quando One Step Closer era um reflexo do nosso gosto e nossa visão lá atrás, é exatamente a mesma coisa com A Thousand Suns. Pode até não ser, sabe, guitarras pesadas e distorcidas, talvez um teclado psicodélico distorcido…

WFNX: Você ama aquele riff de guitarra em One Step Closer, só dizendo, você tem que amar. [risos]

B: Eu realmente gosto daquele riff. Eu acho que o inventei em um estacionamento enquanto estávamos fazendo uma sessão de fotos, o amigo de alguém estava tirando fotos nossas. Mas as coisas que estamos fazendo agora, eu também adoro, eu adoro o fato de o show que fazemos amarra tudo junto, assim há um espaço no show para One Step Closer e há um espaço para New Divide, sabe? E elas são bem diferentes, mas todas meio que contam a história da banda.