Chester Bennington: ‘É divertido ser tão odiado’

Chester Bennington foi entrevistado pela Metro, confira a entrevista traduzida na íntegra:

Como o álbum atual, se diferencia dos anteriores?
Um elemento eletrônico da banda veio mais a tona. A partir de agora, faremos coisas que não fizemos antes, quando nós trabalhamos em um novo álbum – como fazer uma música pesada, sem cair no óbvio dos arranjos e guitarras distorcidas. Nós vamos ter que encontrar outras maneiras de sermos agressivos. Quando sentimos que as coisas já podem ter sido usadas em um álbum anterior, vamos desqualificá-la.

O que inspirou essa mudança?
Isso mantém o nosso lado criativo. Nós não somos uma máquina que faz o mesmo extrato de tomate, repetidamente. Para nós, é como se nós fizéssemos um extrato de tomate, mas nos esquecemos do que nós usamos como ingredientes, então, fazemos outra coisa e esperamos que você goste também. Nós queremos ser artistas e continuar a fazer música que acharmos interessante.

Como foi a mudança do seu público ao longo dos anos?
Uma menina chegou a nós, há dez anos atrás, quando ela tinha 15 anos, e foi ao seu primeiro show. Ela ainda está no fã clube, mas ela já está casada há sete anos e tem dois filhos. As pessoas que estiveram conosco desde o início, cresceram conosco. Há também pessoas que nos acompanham a partir deste novo álbum. É um público diversificado e é divertido ver diferentes tipos de pessoas cantando junto.

Porque o primeiro álbum, Hybrid Theory, teve um sucesso tão grande?
Tivemos a sorte de lançá-lo num momento em que as pessoas ainda estavam comprando discos. Fomos também uma mistura de hip hop, música eletrônica e rock de uma maneira que as pessoas nunca tinham ouvido falar. Muita coisa sobre timing. Eu não sei exatamente porque fez tanto sucesso. Se eu soubesse, não teria a necessidade de fazer mais músicas – eu apenas venderia essa fórmula.

Qual foi o primeiro momento em que você se lembra cantando?
Quando eu tinha dois anos, eu costumava a cantar músicas do Foreigner. Meu irmão tocava as músicas dele o tempo todo e eu cantava junto.

Sobre o que a sua primeira música dizia?
Quando eu tinha 15 anos meu amigo e eu aprendemos todas as músicas dos Doors que podíamos tocar. Nós gostamos disso, eram tão poéticos, espaciais e com uma profundidade. Por isso, foi algo nesse sentido.

Qual foi o pior show que você fez?
Em um bar chamado Grasshopper, no Arizona, com a minha banda Grey Daze. Era uma noite de terça-feira, 19h, e não havia ninguém lá. Tocamos todas as músicas para os garçons, atendentes e porteiros. Quanto menos pessoas, mais difícil fica. Você tem que ser profissional para fazer isso. Você não pode esperar as coisas achando que vai ganhar algo. Essas três pessoas poderiam dizer aos seus amigos que gostaram, então haveria seis pessoas da próxima vez.

Do que você mais se orgulha?
O fato de que todos nós podemos receber críticas. É importante ter um feedback e dizer: ‘Eu gosto desta coisa, mas as outras quatro pessoas na banda, não’. Isso é importante, criativamente nos ajudou a crescer. É evitado um monte de drama que talvez outros grupos passaram. Precisávamos aceitar as críticas de uns aos outros ou não teríamos uma carreira.

Qual foi a pior review que já viu sobre vocês?
Houve um artigo muito engraçado quando Hybrid Theory foi lançado. Esse cara escreveu: “Eu odeio tanto o Linkin Park que eu os responsabilizos pela morte, fome, doença, pobreza…” – basicamente, tudo de ruim no mundo foi por nossa causa. Isso é uma grande coisa para colocar no meu currículo. Achei isso legal, é divertido ser tão odiado.

No que você gastou mais o seu dinheiro?
Com a minha ex-esposa.

Quais as lições que a indústria da música te ensinou?
Você precisa trabalhar com o sucesso e há coisas mais importantes na vida do que comprar as coisas materiais. Estando numa banda, há muitas coisas que podem sugar em você. Você tem que encontrar um equilíbrio entre os negócios da música e a arte de fazer música. Pode ser complicado equilibrar isso às vezes.