• Home
  • Entrevista
  • Mike Shinoda fala sobre criação de seu álbum solo de estreia “Post Traumatic”

Mike Shinoda fala sobre criação de seu álbum solo de estreia “Post Traumatic”

O site asiático Bandwagon teve a oportunidade de conversar com Mike Shinoda antes do lançamento de seu disco solo Post Traumatic, onde ele falou sobre o processo de gravação e mais. Abaixo você pode conferir a tradução da entrevista.

Como o co-fundador dos titãs inovadores do nu-metal Linkin Park e como frontman do Fort Minor, Mike Shinoda é um homem com uma influência descomunal em várias de nossas origens musicais.

Apesar de ter sido um músico ativo por mais de duas décadas, Shinoda passou toda sua carreira lançando músicas com outros. Ano passado, veio a tragédia quando o vocalista do Linkin Park, Chester Bennington faleceu. Shinoda canalizou todo seu luto e dor em seu disco de estreia solo, intitulado Post Traumatic. Ele lançou três músicas em um EP de mesmo nome anteriormente neste ano, e o álbum completo foi lançado na sexta, 15 de junho.

Seu álbum solo de estreia Post Traumatic vai ser lançado nesse fim de semana. Depois de passar sua carreira inteira lançando músicas com bandas, como é finalmente estar trabalhando em um projeto solo?

Tem sido incrível e com pouquíssimo drama, entende? Sem querer dizer que havia drama com a banda, não tinha, mas agora é algo muito direto. Quando eu tenho uma ideia sobre fazer as coisas de determinada maneira, eu simplesmente faço. Não acontece nenhuma consulta, ou ter que checar com mais alguém se minhas ideias foram boas.
Então isso torna as coisas mais simples. Eu acho que parte disso é que quando você passa por algo difícil ou traumático, uma coisa que você passa a procurar é por ter algum controle, e ao ter passado por isso, eu acho que o controle de fazer um disco solo foi muito refrescante para mim.

Post Traumatic foi lançado originalmente como um EP. Em que etapa da produção dele você decidiu transformá-lo em um álbum completo?

O que realmente aconteceu é que desde o começo eu pensava em lançar uma música de cada vez. Eu não sabia quantas músicas eu acabaria fazendo mas eu queria lançar ela de maneira que as músicas feitas no começo fossem lançadas primeiro e então as músicas feitas durante depois, e as músicas criadas por último fossem as últimas.

Eu estava na verdade pensando em fazer tudo naquela ordem até o álbum sair, mas à medida que eu conversava com meus empresários e a gravadora, pareceu mais óbvio que no começo eu deveria dar aos fãs algumas músicas para eles terem uma noção de como eu estava e o que eu estava sentindo e pensando. Então eu acabei lançando as três músicas dentro do Post Traumatic EP apenas porque eu queria que eles tivessem mais músicas.

Depois disso, eu segui mais à frente com o álbum e lancei “Crossing A Line” porque eu queria que eles tivessem uma sensação de movimento, de que as coisas não estavam apenas tristes e escuras, e que realmente mostrasse que eu estava tendo um progresso e que haveriam músicas com temas mais felizes no disco.

Você trabalhou com artistas como Blackbear, Machine Gun Kelly, Grandson and Chino Moreno na gravação do álbum. Como foi trabalhar com eles?

Todas as colaborações no álbum foram bem diferentes e eu amo esses artistas. Eu acho que todos eles são ótimos e eu fico feliz de ter funcionado e que eles estejam no álbum. Cada um é muito especial e as experiências com cada um deles foi bem diferente, desde uma sessão de gravação bem tranquila com Chino onde nós não tínhamos um plano, nós só jantamos e relaxamos e tivemos algumas ideias soltas que depois foram ficando mais claras.

Já na composição com Blackbear foi diferente porque ele já tinha feito a parte dele e gravado os vocais dele sozinho, e eu trabalhei um pouco na faixa com ele, então foi um pouco mais separado nesse sentido. Não existe um jeito certo e errado de fazer, é apenas de qualquer maneira que faça a música ficar boa.

Qual foi seu impulso inicial para trabalhar no álbum totalmente sozinho, sem nenhuma colaboração? Com o que você passou, deve ter sido difícil achar pessoas que entendiam como você estava se sentindo no momento.

Na verdade eu pensei nisso em algum momento, mas eu estou extremamente feliz com o resultado do álbum. Eu fiz provavelmente 90 por cento do álbum totalmente sozinho, desde a produção e a composição das letras e tudo no meio. Eu tive a ajuda de algumas pessoas em algumas coisas porque eu achei suas ideias ótimas, e foi isso, na verdade. Eu ainda cuidei da maior parte. Eu não queria passar muito do controle sobre o álbum porque daí não seria eu. Eu precisava ter certeza que ele realmente me representasse e partisse de mim.

Eu contei para um dos meus amigos no início do processo de escrever que esse disco usou uma parte do meu cérebro que eu uso quando eu estou pintando e criando uma exibição de arte para uma galeria. Eu cresci desenhando e pintando e eu fiz algumas exposições em galerias. Quando eu estou fazendo esse tipo de coisa, é bem conceitual e emocional e tem quase essa motivação subconsciente que vem do trabalho, mas surge a parte analítica do cérebro para se certificar que as coisas fazem sentido e que o conceito é forte o bastante para que o espectador veja da maneira que eu pretendia que fosse e da maneira que eu pretendia demonstrar. É um equilíbrio do lado direito e esquerdo do cérebro, o lado criativo e analítico.

Existe alguma diferença entre como você trabalha com música normalmente e como você trabalhou em um projeto tão pessoal quanto o Post Traumatic?

Sim, eu diria que sim. Com o passar dos anos, toda vez que eu fazia um disco eu tentei aprender com o processo, aprender como escrever uma música ou o que funciona e o que não funciona para mim. Até mesmo uma coisa mais técnica, por exemplo como conseguir certos sons e também como achar as palavras certas e criar uma música de uma maneira que se pareça com as coisas que eu queria dizer.

Boa parte das melhores coisas que um artista escreve, o que realmente tem longevidade e que as pessoas realmente se importam, vem daquele momento quando um fã diz que aquela música fala algo que eles nunca conseguiram colocar em palavras. Eu geralmente tento atingir esse alvo. Eu tenho feito isso por 20 anos. Eu tenho várias abordagens e truques e ferramentas para me colocar na mentalidade certa para atingir esse objetivo.

Sendo um artista que faz turnês, você já teve que lidar com horários agitados durante sua carreira. Como você consegue manter os pés no chão e a mente saudável? Existem coisas específicas que você faz?

Depende da situação. Eu provavelmente não saio tanto agora quanto eu saía quando era mais novo. Eu gosto muito de relaxar e de me manter em contato com minha família e amigos da minha cidade, mas durante o dia, eu definitivamente gosto de sair e viver a experiência da cidade onde eu estou. Para mim, comer a comida local e visitar os pontos turísticos da cidade sempre é legal. As vezes como turista, você pode parar e visitar e ter a oportunidade de apreciar tudo que está em volta.

Em outras ocasiões, eu gosto de me manter ocupado com moda streetwear e visitar lojas de música e exibições de arte. Essas são normalmente as primeiras coisas que eu procuro ao invés de paisagens e quando eu estou na cidade, eu procuro o que está acontecendo culturalmente. Além disso, eu sigo recomendações, dessa maneira, eu ainda consigo experienciar a cidade e eu não sinto como se eu estivesse ali só para fazer um show e falar com a imprensa, mas que eu também estou absorvendo o que a cidade tem a oferecer e isso faz com que eu me sinta conectado aos fãs em um outro nível.

O apoio que você recebeu pelas suas novas músicas tem sido comovente, para dizer o mínimo. Como tem sido fazer a turnê desse álbum?

Eu fiz dois shows em Los Angeles, e estou prestes a tocar em Nova York então eu ainda não fiz realmente uma turnê com o novo material, mas os shows que eu fiz até agora foram incríveis. E você está certa sobre o apoio, tem sido uma loucura. Isso definitivamente me deu muita energia e eu não sei se teria sido capaz de fazer sem isso então sim, se esse apoio continuar, com certeza isso vai me manter energizado e ativo.

Tradução: Beatriz Nascimento
Revisão: Wesley Carlos
É proibida a reprodução total ou parcial deste artigo sem a citação da fonte original, autor e tradutor.

Fotógrafo e Produtor de Vídeo