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Mike Shinoda fala sobre novo álbum, 20 anos do Hybrid Theory e a voz de Chester Bennington

“Meu lance com a livestreaming e a música que veio dela me ajudou muito a me manter são com tudo o que está acontecendo”, disse Mike Shinoda a NME, ao falar sobre como passar o tempo na Twitch, em quarentena, o levou ao seu último álbum solo, “Dropped Frames, Vol. 1”.

O músico do Linkin Park, ao aceitar sugestões e opiniões de fãs que o acompanham em suas livestreams na Twitch sobre a direção de suas músicas, acabou criando um projeto puramente baseado em colaboração. É uma obra que é “tanto sobre o canal quanto sobre o ‘álbum’.” Depois de, no início, pedir aos fãs para que o guiassem na melhor maneira de finalizar algumas demos no Instagram, pouco depois ele se encontrou pedindo aos fãs que enviassem faixas deles mesmos cantando “Open Door”, antes de levar isso tudo para a Twitch, todas as manhãs, para trabalhar com seus seguidores sobre música em um ritmo constante.

“Há muitas coisas diferentes que tiro dali”, disse Shinoda. “É um apoio legal no meu dia e na minha semana – em que posso diferenciar em quais dias da semana estou, o que não é fácil quando se está em isolamento! Posso fazer tanta coisa legal.”

Para comemorar o lançamento de “Dropped Frames, Vol. 1” nessa semana, nós fizemos uma chamada com Mike para uma conversa rápida sobre o poder das pessoas, hábitos de escuta, o aniversário de 20 anos de lançamento do Hybrid Theory, e o lançamento recente da antiga banda de Chester Bennington, Grey Daze.

CONTE-NOS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DOS FÃS NESTE ÁLBUM

“Nós inventamos uma forma de fazer recomendações dos fãs em que eles me desafiassem. Eles ganhavam pontos ao assistir ao canal, e aí eles poderiam usar esses pontos para escolher o estilo da música que chamamos ‘The Bowl Of Destiny’. Eu escolhia mais de um estilo, tipo fazer um mashup entre um estilo mais Red Hot Chili Peppers, Prince, Morris Day And The Time, e o som de um vombate. Ou algo louco como o estilo de música de Final Fantasy, mixado com horror hip-hop, Mariachi, e N-Sync”.

SEMPRE DÁ CERTO?

“Alguns dias eu entro em discordância sobre o que os fãs querem. Às vezes há uma certa tensão, e às vezes fica pior ou melhor. Tudo bem alguns desses experimentos falharem. A última música do álbum é uma piada. Se chama ‘Booty Down’ e tem uns samples de vocal nela. Os fãs me desafiaram a fazer uma música no estilo de Panic! At The Disco. Eu tentei, odiei, foi bem tedioso e estúpido, então eu basicamente disse ‘esse é um experimento falho e nós precisamos fazer outra coisa para limpar nossa paleta’. Eu comecei a, de brincadeira, pegar uns samples de vocal chamados ‘Booty Up’ e ‘Booty Down’, então criei uma faixa bem ‘Miami bass dance’ disso.”

COMO VOCÊ DESCREVERIA, NO GERAL, A VIBE E O SENTIMENTO DAS MÚSICAS QUE FIZERAM JUNTOS?

“É espontâneo. Muitas vezes, na música, eu sinto que canalizo o que está acontecendo no momento. Essas coisas, sonoramente, vêm de quando está sendo criada. Nós salvamos todos as lives da Twitch no YouTube, para vocês poderem ir lá e ver a origem de tudo. Eu sei que quando os protestos envolvendo Black Lives Matter começaram, a música que fizemos naquele dia era sombria e comovente. Era sonoramente apropriada para aquele tipo de dia. Essa faixa não vai estar nesse álbum, mas em um próximo volume, sim.”

VOCÊ DISSE QUE O “POST TRAUMATIC” ERA COMO UM DIÁRIO DE ÉPOCAS DIFÍCEIS QUE VOCÊ ESTAVA LIDANDO, ENVOLVENDO A MORTE DE CHESTER. ESTE ÁLBUM SERIA COMO UM DIÁRIO SOBRE OS MESES EM ISOLAMENTO?

“Talvez! Quando eu estava na facudade, eu ouvia muita música instrumental, como os primeiros álbuns do DJ Shadow, Aphex Twin, UNKLE, Massive Attack. Eu adoro os álbuns do J Dilla, Flume e Flying Lotus. Há poesia em lançar músicas sem palavras. Eu gosto disso, nunca tinha feito isso antes com foco total. É bem divertido.”

ENTÃO PODEMOS ESPERAR UNS SONS SURPREENDENTES E BIZARROS?

“Sim, eu amo isso. De vez em quando, nas streams, eu jogo Animal Crossing. É relaxante, como meditar. Os fãs e eu demos nome a minha tartaruga, foi legal. O prefeito da nossa ilha em AC é um cara chamado Tom Nook. Todas as vozes são bem parecidas e estranhas, e eu achei um plug-in no meu teclado que toca o som da voz de Tom. Os fãs ainda pedem por isso todos os dias.”

VOCÊ ESTAVA TRABALHANDO EM UMA SEQUÊNCIA DO “POST TRAUMATIC” ANTES DESSE PROJETO COMEÇAR?

“Eu estava trabalhando em coisas bem aleatórias. Eu ainda estou, porque estou um pouco devagar na quarentena. Há uma música para mim mesmo aqui, e uma música para alguém em algum lugar. Eu ainda estou experimentando e tentando entender o que farei a seguir. Eu sinto estar indo por 20 caminhos diferentes de uma vez. Se há algo a ser dito, eu vou falar a respeito na minha stream.”

RECENTEMENTE, VOCÊ FEZ UM REMIX ÓTIMO PARA A RENFORSHORT. O QUE TE LEVOU A TRABALHAR COM ELA?

“É muito divertido trabalhar com artistas novos devido a variedade que isso traz envolvendo criatividade. Ela é super nova, mas sabe o que está fazendo com sua música. É nesse momento que ela iria falar algum comentário crítico de si mesma, mas meu instinto diz que ela tem muito talento e eu adoraria ver para onde ela iria com isso. O grande desafio para qualquer artista na posição dela é realmente revelar sua voz e um modo único de comunicar sua intenção. Tenho ouvido ela direto.”

FOI REVELADO RECENTEMENTE QUE O LINKIN PARK TEM MÚSICAS JAMAIS OUVIDAS COM CHESTER. VOCÊ PASSOU BASTANTE TEMPO NOS ÚLTIMOS ANOS PROCURANDO NOS “COFRES”?

“Não. Para cada álbum que fiz, há faixas em níveis diferentes de finalização com vocais nelas. Lança-las não é algo que está no nosso cronograma.”

RECENTEMENTE VOCÊ LIBEROU A FILMAGEM DE UM SHOW EM 2001. OS FÃS PODEM ESPERAR MAIS DISSO?

“Estamos todos cientes de que este ano o ‘Hybrid Theory’ completa 20 anos, então planejamos fazer algo em relação a isso. Não quero dar nenhum spoiler, então fica no ar.”

A ANTIGA BANDA DE CHESTER, GREY DAZE, LANÇOU SEU ÁLBUM “AMENDS”, INCLUINDO OS VOCAIS DE CHESTER. FOI ALGO SURREAL, ESTANDO DE FORA DESSE PROJETO?

“Eu não escutei ainda. Eles o fizeram por conta própria. Não consigo ouvir. Não quero ouvir a voz dele. Já é difícil demais ouvir os álbuns do Linkin Park. Tem que ser feito no dia certo. Eu assisti alguns vídeos do filho dele, Jaime. Assisti por uns minutos, até ficar pesado demais para mim.”

O QUE MAIS VOCÊ TEM ESCUTADO DURANTE O ISOLAMENTO?

“Tudo! Griselda, Hayley Williams, Joji, Denzel Curry, Caribou, Jay Electronica, Renforshort, Jessie Reyez, RAC, 99 Neighbors, to novo do Jack Garratt, Run The Jewels, o álbum Trash Talk que Kenny Beats produziu. Há tanta música nova e boa por aí.”

Fotógrafo e Produtor de Vídeo