Linkin Park em processo de mutação

Um dos grupos internacionais de rock mais populares da era 2000, inclusive no Brasil, o Linkin Park certamente provocará comoção quando se apresentar segunda-feira no megafestival SWU, em Itu, São Paulo.

Os fãs que não tiverem o privilégio de ver a banda ao vivo devem se ligar no especial que a Globo (TV Bahia) apresentará terça após o Programa do Jô, com partes dos shows do Linkin Park, Queens of the Stone Age e Pixies.

Junto com a presença do Linkin no Brasil, a Warner coloca nas lojas o novo e quarto disco de estúdio do grupo formado em 1996, em Los Angeles: A Thousand Suns. No lançamento nos EUA, há três semanas, o álbum bateu direto no topo da parada da Billboard.

Transformação
O trabalho é mais um passo – não bem resolvido ainda, aliás – do sexteto em busca de uma personalidade musical mais madura, digamos. O processo de transformação conta com a colaboração do veterano produtor Rick Rubin (U2, Red Hot Chili Peppers, Metallica), que produziu o álbum anterior, Minutes to Midnight (2007), e o novo.

Com 30 milhões de discos vendidos dos seus dois primeiros trabalhos, Hybrid Theory (2000) e Meteora (2003), o Linkin Park virou um fenômeno ao popularizar de vez o new metal: mistura de metal alternativo, hip hop e timbragens eletrônicas. Além de ter muito senso melódico, a banda soube entrar em sintonia com a agressividade de sua geração.

Em quatro/cinco anos, porém, o new metal virou peça de metal e a banda procurou mudar, evitando repetir a fórmula. Minutes to Midnight, por exemplo, foi gestado em estúdio durante 14 meses, com o vocalista e coprodutor Mike Shinoda questionando cada passo do novo processo de criação.

Nessa fase, o Linkin Park absorveu até influências progressivas e aumentou a dosagem melódica.  A questão é que a banda – competente – enterrou a origem new metal, mas não conseguiu formar uma nova e forte personalidade.

Pretensioso

Ritmos, riffs  e raps não foram eliminados totalmente, como mostram as faixas The Catalyst, When They Come for Me e Wretches and Kings. Mas, no geral, o trabalho é  homogêneo demais, o flerte com a sonoridade  mais industrial não empolga e a sombra do U2, que já havia sobrevoado Minutes to Midnight, segue evidente, vide Iridescent.

Gravado durante dois anos, A Thousand Suns soa ainda pretensioso ao usar trechos de discursos do físico Robert Oppenheimer (1904-1967), criador da bomba atômica, e do ativista Martin Luther King (1929-1968), para aparentar conceitualismo e tom político. No resumo, um disco mediano.

Fotógrafo e Produtor de Vídeo